Em algum lugar do universo, alguém está observando uma “terra cheia” e pensando: “Será que é bom viver lá? Haverá vida honesta nesta bola azul com nuvenzinhas brancas flutuando em redor, como algodões doces alados”?
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Vi no Youtube a Terra se pondo no horizonte da Lua. Imagino-me um lunático que convivesse todos os dias com “Meias-Terras, Pleniterras, Terras Minguantes ou Crescentes”. Como um novo lunático, teria que me acostumar a algumas coisas: dependendo da minha posição no satélite, veria alguns países da Terra de cabeça pra baixo. Como o Brasil, que há muito tempo só se exibe na posição de “ponta-cabeça”. Forma um presunto balofo, com o pé – o “Sul” – virado pra cima.
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Ah, imagino as lunáticas românticas, convocando os namorados e maridos pouco dados ao sentimentalismo espontâneo:
– Querido, vem cá, rápido, ver essa terra-cheia! Tá linda!
A lunática já estaria acostumada a ver a Terra nascer à leste, “azulzinha”, como anunciara aquele antigo terráqueo, Gagarin, há tantos anos que o pessoal já nem se lembrava mais desse velho Colombo do espaço.
– Por que será que esse país aí, o Brasil, sempre aparece de cabeça pra baixo, como um pernil trapezista? – perguntarão as crianças das novas escolas da Lua.
Todos serão cidadãos naturalizados, pois a visão da antiga morada entrou no campo “visual” de cada lunático somente depois que a esfera azul foi gradualmente abandonada – como um velho navio, infestado de ratos.
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Ainda outro dia um lunático que vivera na Ilha de Santa Catarina recebeu carta fresquinha de um degredado espacial, um terráqueo condenado a permanecer na Terra poluída:
– O último camarão pescado aqui na Lagoa da Conceição veio num puçá puxado no ano de 2030…
***
Um lunático intrigado perguntou porque aquele país chamado Brasil aparecia sempre de cabeça pra baixo no mapa. Um terráqueo de Brasília respondeu:
– É assim mesmo. De ponta cabeça a grana da turma da Lava-Jato cai dos bolsos “por gravidade”.
Era um daqueles seres exóticos e egoístas, também conhecidos por “deputados”, ou “bolsos cheios”.