Já é difícil escolher um candidato a deputado no Brasil de hoje. Senador, então, parece um desafio a Hércules.

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Primeiro, o felizardo terá direito a um mandato de oito anos. Com reeleição, 16 anos. Ou seja: uma geração perdida. E ainda há o contrapeso dos suplentes, geralmente o filho, o irmão ou o “Paganini”, aquele que pagou a campanha. Suplentes que chegam ao clube sem carteirinha e sem voto.

Há um clube em Londres cuja média etária da “freguesia” beira os oitentinha – espécie de concentração de múmias políticas, com direito a Rolls-Royces, Bentleys e Jaguares na porta. É a Câmara dos Lordes, equivalente ao nosso Senado, com a palpável diferença de que a casa não é eleita pelo voto e não influi na confecção das leis, a não ser para confirmar o que deliberou a Câmara dos Comuns.

A rigor, o sistema da velha democracia inglesa é unicameral. Os Lordes servem apenas para aparecer na foto, ao lado da Rainha Elizabeth II, na solenidade anual de abertura do Parlamento.

Os velhinhos usam túnicas escarlates, colares e perucas e tomam placidamente o seu chá. Custam muito menos aos ingleses do que os R$ 2,7 bilhões dos nossos barões encastelados em Brasília. Pelo menos os lordes “deles” compram as próprias passagens aéreas e pagam do próprio bolso as suas improváveis amantes.    

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O Senado brasileiro, ao contrário, vive embriagado em sua galopante mediocridade. Emperra o processo legislativo, reclama das medias provisórias, mas não trabalha. Quando vota, é para assegurar alguma nova regalia.

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A Casa que deveria refletir a sabedoria madura e o “bom conselho”, de quem se poderia esperar a boa experiência da “idade provecta”, revela apenas a alienação da “senectude”, a falência mental da “senilidade”.

Pensando bem, pra quê Senado, a não ser para malbaratar quase R$ 3 bilhões do magro orçamento da República?

É o que custa ao erário a Casa inútil. Com as exceções que só confirmam a regra, sua única serventia é pagar gordos salários e penduricalhos às amantes e aos parentes, durante um absurdo e anacrônico compadrio de oito anos.

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O que fazer com esse cabaré senil, esse velho Bataclan, repleto de suplentes e fregueses devotados à missão de “sorver” – e não de “servir”?

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