O chamado “pretório excelso”, como era conhecido o Superior Tribunal Federal em dias melhores, hoje se revela cada vez menos “pretório” (tribunal) e cada vez menos “excelso” (alto, elevado, sublime). Reveste-se, nos sinistros dias que correm, de uma impenetrável opacidade, uma capa quase tão negra quanto suas togas.
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Seis a cinco (6 a 5) parece ser o cabalístico número de sua insegurança. Cinco dos seus “sábios” querem porque querem fazer prevalecer a infâmia da impunidade, interpretando o artigo 5 da Carta Magna como uma autorização para perdoar foras da lei.
O “até trânsito em julgado” prevenia a pressa e a ligeireza com que os regimes totalitários da época (1964-1985) mandavam “prender e arrebentar”, na literal expressão de um general-presidente, aquele sinistro João Figueiredo.
Hoje os cinco obscuros dos 6 a 5 parecem querer decretar a vitória da impunidade. Prisão para corruptos só em terceira ou quarta instância. Quer dizer: nunca. É remeter o Código Penal às “calendas gregas”.
Tudo o que o Brasil precisa nos dias de hoje é de segurança jurídica e férrea vontade para erradicar os ratos já identificados em quase todos os partidos.
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O negócio é não eleger ou reeleger ratos. Na hora de escolher um candidato, em meio a esse varal de fraldas sujas exposto aos olhos do eleitor, a primeira virtude a se exigir do futuro “representante” é não transgredir o sétimo mandamento, aquele que, na tábua de Moisés, mandava: “Não roubarás!”
Roubar. Verbo de significado mais abrangente, conjugado na República da Impunidade, em cuja atmosfera deletéria nada choca, nada surpreende. Ao contrário. “Roubar” é enamorar-se do alheio, ter as manhas da raposa para subtrair; ter sérias dificuldades para distinguir o meu, o teu, o seu, o nosso; “passar a mochila”; “pegar-se alguma coisa das mão de alguém”. Ou, como bem define o manezês:
– Ter cola nos dedos, tirá alpiste de passarinho; botá a mão no baleiro.
Enfim, surrupiar – verbo que o Aurélio consagra como “furtar com destreza, sem deixar vestígios”…
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Chegamos a uma rara encruzilhada nesta não menos oportuna esquina da história: a cristalina chance de mudar o Brasil nas eleições de outubro. Renovar é o verbo, apesar da cruel aritmética dos fundos partidários, que privilegiam os candidatos à reeleição.
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Faça como um bom mané: desempregue um político. Não o reeleja.
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