O que dizer do rol dos candidatos presidenciáveis? A lista constitui verdadeira caricatura da política brasileira, com seus Cacarecos e Frankensteins.
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Nem vamos falar dos nomes de sempre: Lula, Alckmin, Marina e Ciro Gomes, que podem comemorar “bodas de ouro” como pretendentes. A esses se juntam bizarrias e extravagâncias, como o corrupto reincidente Fernando Collor, o arruaceiro Guilherme Boulos e os risíveis Eymael e Levy Fidelix.
Meu Deus! Em quem votar quando chegar a hora?
Todo candidato se diz um santo. Deseja sinceramente enxugar o suor do operário, lenir a mão do agricultor, adubar o salário do professor, consolar os sem-terra e os sem-teto, mitigar a fome dos descamisados, distribuir leite, emprego, felicidade, cartão de crédito e estacionamento pra todo mundo.
Não se conhece homem mais puro e mais bem-intencionado do que um candidato. Mas há um certo mecanismo que, num determinado momento, entre a eleição e a posse, transforma o bom candidato num Ali Babá, num Arséne Lupin, num comerciante de “emendas” do orçamento, num “administrador” das sobras de campanha, num garimpeiro de obras e sobras… Eleito, o sujeito começa a enxergar o erário como a permissiva bolsa de uma “viúva” indefesa.
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Sobrevive no país um singular conceito patrimonialista de que os “recursos públicos” pertencem ao vivente que “chegar primeiro”. O dinheiro dos impostos seria um bem de propriedade difusa e incerta. “Se não é de uma pessoa, não é de ninguém”, logo, “se eu pegar um pouquinho pra mim não será um mal tão irreparável assim”.
Há pretendentes que só se candidatam para amealhar malas ou apartamentos cheios de dinheiro. Afinal, que mal há em indicar uma pessoa de sua confiança para uma estatal? Sendo “estatal” é do povo…
Sem uma reforma política que moralize o mandato parlamentar – uma eleição para deputado federal não pode custar R$ 2 milhões – e garanta a sua integridade, os “mensalões” e “petrolões” mudarão de nome, mas não de “hábito”.
Não adianta reformar a Previdência e entregar estatais à sanha dos cleptomaníacos. Uma reforma que mantenha no cenário partidos que comprovarem “seriedade política e existência eleitoral” é a primeira penitência para este Brasil assolado pela corrupção.
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Ou o país se renova pelo voto ou é enterrado ainda na infância de sua democracia.
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