Tempos tão surpreendentes quanto as “artes” do Avaí em campo, conquistando, aos poucos, um épico acesso à Série A, quando, em agosto, a expectativa era tão somente evitar um rebaixamento à Série C…       

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Na verdade, a epopéia do azurra apenas confirma a máxima cada vez mais eternizada, segundo a qual “este Avaí faz coisa”.       

O primeiro sintoma desse dom extraordinário de produzir coisas impactantes quando menos se espera, parece ter pisado pela primeira vez nos gramados no dia 22 de fevereiro de 1938. Nesse dia, que não era bissexto, o Avaí aplicou “cósmica” goleada no seu mais ferrenho rival: 11 a 2. Não era basquete, nem miragem. Era o Avaí, começando a “fazer coisa”…       

Trata-se de um dom genuinamente avaiano, capaz de desmentir Descartes. O caminho “mais curto” entre dois pontos jamais será uma reta. Se houver outros, mais difíceis e tortuosos, este será o preferido do Avaí.       

Perigo: só um resultado diferente de “derrota” no jogo de sábado, contra a Ponte, confirmará o acesso ao Paraíso.        

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Paradoxo: o Avaí tem jogado melhor fora do que dentro de casa. Mas tenho fé em que a antiga mística azurra retornará à Ressacada, ressuscitando um velho estribilho:

“Não é mole não/na Ressacada ninguém ganha do Leão”! Fé na despedida de Marquinhos, em sua derradeira partida – e que seja a do acesso. O capitão  reafirma o famoso verso do poema de João Cabral de Mello Neto:         

“O futebol dá aos pés astúcias de mãos”…          

Não é o que o Galego faz nas cobranças de falta?       

A cada nova vitória no segundo turno o Avaí foi se reconstruindo à partir da defesa, hoje uma das melhores da Série B, liderada pelo intransponível Betão, manezinho já “naturalizado”.                                

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Por fim, ou, pelo começo, o presidente Francisco José Battistotti reencarnou o visionário presidente Zunino. Tem sido persistente e destemido, ao administrar a escassez. Lidera o milagre do seu segundo acesso só para inaugurar um novo desafio: ficar na Série A ano que vem, evitando o efeito iô-iô.  Convém acreditar: as “coisas” estão bem feitas no Avaí. “Tudo azul”. Não é assim que se diz da vida, quando ela está boa?  Convém não esquecer, porém, que “glória” e “tragédia” convivem sem a menor cerimônia no time que “faz coisa”, para o Bem ou para o Mal.

 

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