Desafios não faltaram na aventura de construir a Ponte Hercílio Luz, ao final da “belle époque”. A captação dos primeiros recursos, títulos lançados no mercado norte-americano pelo banco “Embrie & Co”, soçobrou junto com o estabelecimento. A casa bancária faliu, deixando a dívida de cinco milhões de dólares em letras lançadas contra o Estado.
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Os recursos, que alavancariam o início da construção, tiveram que ser captados em nova operação, esta com os banqueiros “Halsey Stuart & Co”. Os avais do Estado somavam quantia superior ao seu orçamento anual. Mas Hercílio Luz perseverou e retirou do papel o sonho da integração Ilha-Continente.
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O restante do débito foi reestruturado algumas vezes, com a interveniência do governo federal. Atravessou décadas, até ser finalmente liquidado no ano de 1978, já no governo de Konder Reis.
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Quanto já custa a restauração e a revitalização do velho monumento, que a empresa portuguesa Teixeira Duarte ressuscita para o sistema viário da Capital?
Ninguém sabe. O preço contratado, que já recebeu alguns aditivos, está atualmente em R$ 311 milhões. Mas sobre a mesa do Estado repousa um novo aditivo, de R$ 37 milhões.
Outro mistério é o prazo de entrega. Se a nova captação de recursos, na profunda “guaiaca” do BNDES der certo, “talvez o prazo original possa ser mantido” e a obra possa estar conclusa em dezembro deste ano.
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Improvável. Faltam os acessos. Quando estarão acessíveis as cabeceiras insular e continental, se não se conhece sequer o seu projeto?
(Ai, minha velha Hercílio, ponte querida de todos os catarinenses… Quantos “aditivos” cometer-se-ão em teu nome?)
Em todo caso, se o custo final ficar próximo do meio bilhão de reais, o “custo Brasil” será manobrável, embora não justificado.
Quanto custou o porto de Mariel, em Cuba, conta a ser paga pelo contribuinte brasileiro? R$ 2,5 bilhões. E a refinaria da Petrobrás, “encampada” pela Bolívia? R$ 1,3 bilhão…
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O contribuinte brasileiro e catarinense é um burro eterno, cujo lombo foi acostumado a conformar-se com a fantástica contabilidade do dinheiro dito “público” no Brasil.
É um saco sem fundo e uma “caixa de Pandora”.