Não é raro que o nosso Congresso passe seis meses sem votar. Virou delegacia de polícia. Quando não estão dividindo petrolões e “jabás”, o papo gira em torno de “quem recebeu propina de dinheiro roubado”, “quem vai fundar um novo partido para arranjar dinheiro?”…
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Os presidentes, e o presidencialismo brasileiro – assim como foi a monarquia – são fragilíssimos. O que prevalece é uma espécie de “anarquia generalizada”, embora com uma fortíssima “Receita Federal”. O regime, portanto, parece ser o “tributário”. Forte, mesmo, só o apetite arrecadador.
Para delícia de seus leitores, Eça de Queirós já havia percebido, no século 19, essa propensão brasileira ao hibridismo governamental. Nem mesmo os brasileiros sabiam sob qual regime viviam.
Para se saber que a monarquia brasileira estava fadada ao naufrágio, bastava conferir a “agenda” da primeira visita de D. Pedro II a Floripa, em 1845. O monarca permaneceu na terrinha por nada menos que 17 longos dias. Deu a volta ao Morro do Antão a cavalo, distribuiu camarões ao povo na Lagoa – confiscando-os das tarrafas dos pescadores – e deu uma volta a pé pelas ruas do centro. O suficiente para que a imperatriz Tereza Cristina, coxa da perna direita, coitada, ganhasse os apelidos de “mata barata”e “pilão de cuscuz”, indicando que “claudicava no andar”e “amassava o nada”.
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A visita só se tornou produtiva, na opinião dos galhofeiros, quando Suas Majestades passaram três dias em Caldas do Cubatão. Revigorado, o jovem D. Pedro, no frescor dos 20 anos, “atacou” a “pilão de cuscuz” e fabricou a princesa Isabel. A monarquia ganhou uma herdeira que não se tornaria rainha – e Caldas passou a ser conhecida como “da Imperatriz”.
Cansados de tanto “vivório”, arranjado ou espontâneo, padres e governantes “deram graças” quando o Imperador se foi. Quarenta e quatro anos depois, nem precisou de CPI para cair de maduro. Aos 64 anos, o velhinho foi despedido do trono por um “bilhete” dos militares.
Nossos presidentes “monárquicos” estão aí, mais fracos do que nunca. Só com o apoio da tal da “base aliada”, sempre desalinhada, não conseguem governar.