Véspera dos 345 anos da cidade, volta à ribalta a recuperação da “vecchia signora”, a ponte Hercílio Luz, marco histórico e cédula de identidade do próprio Estado de Santa Catarina.
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No ano de sua tão prometida ressurreição, discute-se sua serventia para a revitalização do sistema viário, depois de encaminhado o sucesso de sua longa e complexa cirurgia.
O engenheiro Hercílio Luz construiu-a em pouco mais de dois anos, com a obstinação dos “pontífices”. Não o Sumo Sacerdote, mas o construtor de pontes. Morreu antes de inaugurá-la, mas seu legado transformou-se num “marco” eterno.
Haverá para as cidades símbolo maior do que uma ponte? A Brooklyn Bridge para Nova York, a Golden Gate para San Francisco, a Hercílio… – não só para a capital, mas para os catarinenses e para o mundo.
O que se discute, agora, é o seu papel não apenas ornamental, mas utilitário, com incorporação a um sistema viário capaz de absorver perto de 20% do pesado volume de trânsito entre Ilha e Continente.
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A audiência pública em que se manifestou o Ipuf – hoje um organismo esvaziado pela própria Prefeitura – não deixou de ser preocupante. O instituto de planejamento urbano manifesta-se “contrário” a uma ampliação do atual sistema, rotulando essa providência como “um desperdício, pois isso estimularia ainda mais o uso do automóvel, e, mais tarde, o problema voltaria”.
Gastou-se perto de meio bilhão de reais para isso? Depois da longa novela de décadas de real desperdício e da descoberta de uma empresa com a “expertise” adequada, a portuguesa Teixeira Duarte, o veredicto do Ipuf é essa indigência?
Ora, a “posição” do representante do Ipuf poderia fazer algum nexo se aplicada a uma cidade que tenha a sua população estabilizada. Não para Florianópolis, que cresce a índices quase chineses. Afirmou ainda o “pensador”:
— Não partirá do Ipuf nenhuma proposta de viaduto novo na cidade!
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Ora, mal comparando, seria como deixar de comprar sapato pra criança, com a desculpa de que “amanhã não vai mais servir mesmo e o aperto no pé vai voltar”…
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O Ipuf lembra a mentalidade da Floripa de 1978, quando a Beira-Mar Norte estava em construção e era espancada como “obra desnecessária”.
Como seria a cidade hoje se só pudéssemos contar com as ruas Lauro Linhares e Rui Barbosa ligando o centro à Trindade?