O sempre anunciado e jamais cumprido transporte marítimo sentiu uma certa comichão esta semana. Uma “otoridade” lá do Serviço do Patrimônio da União (SPU) resolveu autorizar a cessão do entorno daquele improvisado trapiche da Baía Sul, permitindo a instalação da estação de embarque e desembarque, mediante o pagamento de uma taxa de R$ 275 mil por ano. Pronto.
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Estão abertos os mares de Floripa, mas faltam ainda todos os outros buquês da “burrocracia”. Ainda faltam a Licença Ambiental de Instalação (LAI ), a Licença Ambiental de Operação (LAO), a Licença da Marinha e uma nova “certidão”, a anuência da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Não é só. Ainda não está definido se o órgão fiscalizador será o Departamento de Terminais de Santa Catarina (Deter) ou a Superintendência de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Grande Florianópolis (Suderf) – ou se haverá necessidade de consulta ambiental, além do IMA, ao Instituto Chico Mendes. UFA!
Em meio a esse mar de dúvidas – o serviço será operado por dois frágeis catamarãs – o empresário da concessão vem à boca de cena informar o seguinte:
– No momento, o grande problema, a dois meses do prazo concedido, está nos dois barcos. Vendi os que eu tinha e encomendei dois novos. Mas não sei se ficarão prontos a tempo. Um eu garanto, mas o outro…
Quer dizer: é tanta a incerteza e a bizarria que não seria improvável um dono de companhia aérea afirmar ter um único problema para decolar o seu negócio: a falta de aviões.
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A tarifa da travessia está estimada entre R$ 9 e R$ 10, mas só remunera o trecho de mar entre São José e Floripa. A conexão entre os trapiches e o sistema viário, na Ilha e no continente, ainda não tem uma precificação. O custo, somado, poderá ficar em R$ 24.
Vencida toda a tentacular onda da burocracia, restará a matemática inviabilização do negócio, pois sem um forte subsídio das prefeituras quase falidas, nada feito, com esse preço irreal e nada competitivo. Eis uma “travessia”, mais uma, que não chegará a margem alguma, até que aprendam com o passado – quando não havia pontes, mas o serviço de barcos atendia a humanos e quadrúpedes.