No seu penoso caminho rumo à irrelevância, o Brasil parece ter perdido o respeito do mundo. Sair de forma prematura da Copa não seria nada demais, se mantido o direito de opinar. 

Ocorre que, no Brasil, o “politicamente correto” assumiu esse direito em procuração de papel passado, valendo pra tudo. Por exemplo: é uma “vergonha” e uma “desculpa esfarrapada” dizer-se que o Brasil foi roubado pelo juiz europeu neste último jogo das quartas de final. Pênalti claríssimo do zagueiro belga Kompany em Gabriel Jesus, dentro da pequena área.

Aliás, duplo roubo no mesmo lance. Pelos olhos humanos de Sua Senhoria e pelos olhos eletrônicos do VAR, que nesta Copa foi, para o Brasil, um juiz “desumano”. Não viu a falta suíça no gol de empate, não enxergou o agarrão escandaloso em Gabriel Jesus no mesmo jogo. e – no jogo seguinte – aleluia! – contra a Costa Rica, pênalti óbvio sobre Neymar.

Em Neymar? Esquece. O juiz holandês viu e “desviu”. Foi lá consultar o imparcial VAR e, pimba: cancelou o pênalti considerando que o “Cai-Cai” sofreu apenas um “empurrão leve”.  “Futebol é jogo de contato”, ensinou. E empurrão é só “contato”? É. Para a Fifa e  contra Neymar, é.

Assim foi a Copa inteira para o Cai-Cai. O time suportou 64 faltas, 32 em Neymar, para que ele aprendesse a cair de pé. Com os juízes, o VAR e os zagueiros contra, faltava o “politicamente correto”. 

Tem que ser roubado e ficar calado. Que coisa mais feia vir com desculpas furadas e chamar o juiz de ladrão! Talvez seja culpa da Lava-Jato. O mundo inteiro está achando que no Brasil só tem ladrão – e se esquece do maior projeto universal de combate à corrupção, extensivo até aos países de Primeiro Mundo onde atuava a Odebrecht.

Devem ter pensado: “Ladrão que rouba ladrão…”. Não à toa, Nelson Rodrigues, nosso melhor “psicanalista”, já dizia:

– Não há o menor constrangimento dos desenvolvidos condecorarem os seus piratas. Só os “subdesenvolvidos” ainda ruborizam…

A CBF, corrupta, não votou contra a Fifa, escolhendo o Marrocos para futura sede da Copa de 2026? Pois é. E ainda queria um VAR imparcial?

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Tanto me iludo que desejo a honesta Croácia como  campeã do Mundo. Para um país sem direito à opinião,  contudo, seria “politicamente incorreto” lembrar-se aqui, que, há um mês, o Brasil derrotou esta mesma Croácia (2 a 0, em Liverpool). Com um gol do Cai-Cai.