Quando se imagina que os políticos do Brasil já fizeram de tudo um pouco na ordenha ao país, o presidente Temer troca a reforma da Previdência pela intervenção federal no Rio de Janeiro, travando qualquer emenda à Constituição. Não que o Rio não necessitasse de medidas excepcionais contra o verdadeiro “Estado paralelo” lá instalado. Mas nada que não pudesse ser implementado sem o apelo àquela arma constitucional, que tem o mau condão de suspender as necessárias reformas.
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Pior: já tem político do Rio torcendo contra. Haverá pior índole do que a do brasileiro que, numa guerra, torce contra o seu próprio país? Haverá maior trairagem do que torcer contra o empenho do Exército na guerra contra o narcotráfico que infelicita a nação? Pois é o que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, está fazendo. E por quê? Por causa de uma mesquinha disputa de poder. Seja qual for a pauta apresentada às votações da Câmara, Maia é contra. O que dizer de brasileiros contra o Brasil, só para derrotar o presidente de plantão? Que, aliás, tão logo termine o seu breve mandato terá que prestar contas à justiça, sem foro privilegiado.
Espanta que nem o presidente do Executivo, nem o do Legislativo, aceitem fazer o seu trabalho, ainda que este pareça uma agenda de grande impopularidade. Quer dizer que só aceitam fazer o trabalho soft e não o que suscite críticas e ranger de dentes?
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A segurança pública se tornou um tema de grande aceitação eleitoral – e foi só por isso que o governo federal trocou uma agenda impopular, que é a necessária reforma previdenciária, por esta que representa uma unanimidade nacional: o clamor popular por mais segurança e respeito à vida humana.
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Tão corriqueira anda a batalha do tráfico no Rio que entre os internautas já se instalou um aplicativo com características de GPS dos tiroteios. De acordo com o aplicativo Onde tem tiroteio (OTT), a tela do celular localiza as cenas dos duelos urbanos entre o tráfico e a polícia, mapeando a “guerra” na região. Espanta – mas não surpreende – que políticos possam torcer contra o Bem e a favor do Mal, ainda que este Bem signifique um ato da baixa política de Michel Temer.
A despeito desses oportunismos, torcer pelo Brasil é o mínimo que se espera de genuínos brasileiros.