Parlamentares cultivam suas “pautas-bomba”. Não bastassem os políticos que aqui vicejam, temos outros irresponsáveis interessados no caos. Os altos funcionários das corporações estatais, os festeiros do dinheiro público, os empreiteiros-corruptos implicados na Lava-Jato, os candidatos à reserva de mercado da “reeleição”. Todos gostam um pouquinho desse bicho de rabo comprido e escamas ofídicas, conhecido por “Inflação”.
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Tem gente que acha graça, considerando a inflação apenas “um imposto a mais”. Um a mais, um a menos – que diferença faz? Em que outro país haverá deputados interessados na bancarrota do Estado?
Em fim de festa, o governo falido de um país em crise anuncia bondades de mais de R$ 100 bilhões, como um presente de sua irresponsabilidade ao assistencialismo.
Consultorias estimam um leve recuo do dragão, mas os governos capricham em mantê-lo vivo e presente. Em qualquer país responsável do mundo, até mesmo o teto da meta – 4,5%, seria tido como intolerável. De que adianta majorar bolsas e salários sem um combate ao monstrinho que os corrói?
O gênio literário de Guimarães Rosa assegurava que o “demo” habita o homem público – aquele que lida com o dinheiro do próximo. O Brasil já convivia com demônios demais, um dos quais nunca se preocupou em esconder sua forma monstruosa – a inflação.
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Estranho país o Brasil. Houve tempos em que protestos conflagraram as principais avenidas e rodovias em nome do sagrado direito de discordar, reclamar, se insurgir. Mas nunca vi uma passeata de protesto contra a inflação ou contra o déficit público.
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Viu-se na votação das “pautas-bomba”. O universo de cada político, os que saem ou os que entram, não é o país, ou a democracia representativa, que se traduz no ideal do “bem comum”. O que interessa é a próxima eleição. Houve época em que os partidos no poder ainda fingiam governar. Publicavam e seguiam programas, inauguravam obras, anunciavam o próximo “plano de metas”.
Hoje, tudo é “campanha”. A Situação não governa, a Oposição espalha denúncias com fins eleitorais e o Congresso se esconde atrás de um biombo de escândalos.
Desmontar este mostrengo é tarefa para muitas gerações. Pela perseverante depuração eleitoral, que escolha gente de boa inteireza moral – e não trombadinhas mais interessados em arrombar o cofre.
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