Não, esta que vejo amanhecer neste dia 7 de setembro do Ano da Graça de 2018, o 1960 da Independência, não é a pátria justa e humana que todos sonhamos para habitar uma terra tão bela e generosa quanto a do Brasil.

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Não reconheço como “a minha pátria” esta terra de instituições humanas tão pobres em ética, em compostura, em humanismo.

A minha pátria não é a mesma desses poderosos que estão na saliva de sórdidos delatores, tão corruptos quanto os seus denunciados – um dia “aliados” na infame missão de assaltar os brasileiros de bem.

A minha pátria não é a que amarga todos os dias um pote de fel, as orelhas vermelhas de tanta vergonha. Mesmo sendo tais delatores criminosos pós-graduados, o que dizer dos “representantes do povo”, que deles se tornaram reféns? A minha pátria não é a mesma de certos agentes dos poderes do Estado, que se instalaram em Brasília e se deixaram  conspurcar pela corrosão do caráter e pela degenerescência moral. A minha bela pátria do Brasil não é a roubalheira na Petrobras, a maracutaia dos propinodutos, a contínua chantagem das “bases aliadas”, exigindo vantagens para não votar contra os interesses do país.

Não. A minha pátria é a de Vinicius de Moraes nos versos imortais de “Pátria Minha”: “Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa/ Que brinca em teus cabelos e te alisa/ Pátria minha, e perfuma o teu chão…/ Que vontade me vem de adormecer-me entre teus doces montes, Pátria minha/ Atento à fome em tuas entranhas/ E ao batuque em teu coração/ Não te direi o nome, Pátria minha/ Teu nome é pátria amada, é patriazinha, não rima com mãe gentil/ Vives em mim como uma filha/ Uma ilha de ternura: a Ilha Brasil, talvez…”

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A nossa pátria não convive bem com a cleptocracia, nem aceita a vitória da corrupção. O Brasil, errático e hesitante, ainda espera que um Barrabás (Palocci?), solto, denuncie todos os ladrões que, um dia, subiram a colina dos poderes do Estado, habilitando-se à crença e ao desencanto dos representados.

Ao povo, resta viver numa desolada esquina chamada “esperança”. E chorar de vergonha, enquanto espera pelo Nazareno que o redimirá, sem deixar de pagar o imposto nosso de todo dia aos Pilatos e aos Herodes da República.

É preciso entender que a salvação não está na eleição de “um Messias”. Está no coração e na vontade dos brasileiros de bem.

 

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