A greve mais esperada é a dos políticos. Principalmente daqueles tradicionais, que só pensam “naquilo”: na reeleição. Uma vez eleitos, não trabalham mais. Gastam o que não arrecadam e ignoram obras de infraestrutura. Sua missão concentra-se em distribuir empreguinhos e boquinhas,
só para garantir “o futuro”.
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O Brasil sonha com o dia em que os oportunistas no poder produzirão uma greve contra o seu próprio desgoverno. No tempo em que os bichos falavam dizia-se que o “o Brasil era um país cordial”, os políticos eram honestos e os governos críveis.
Com os tempos tempestuosos do século 21, o país foi ficando irritado e “neurastênico”. Acostumou-se a só concordar em discordar.
Com a corrupção ingovernável, faltou poço para abrigar a auto-estima dos brasileiros, açoitados pela mais nefanda das classes políticas que habitam o planeta Terra.
As greves passaram a ser o “estado natural” desse Brasil dos “discordantes”.
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A primeira greve, como sempre, foi a dos motoristas de ônibus de Floripa. Depois, a já habitual greve do INSS – velhinhos sem atendimento, a não ser os velhinhos
do Senado, atendidos por um plano de
saúde “exclusivo”.
Depois, a greve foi contaminando até mesmo as chamadas “autoridades”, os prefeitos culpando os governadores – e estes, o presidente.
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A greve dos prefeitos, revoltados contra a avareza tributária da União, deixou acéfalos os governos de 5.500 municípios, o lixo empilhado nas ruas, a catinga infestando
os bairros e o centro das grandes e
médias cidades.
A greve dos padeiros teve início com o fim do subsídio do trigo. O pãozinho aumentou 100%, com o que não concordaram as autoridades, temendo o recrudescimento
da inflação. Os donos de padarias resolveram, então, fermentar o pão da desobediência civil:
– Vamos fabricar brioches! – debocharam, numa alusão ao pão de massa leve, só com farinha e água, que marcou a rebelião popular da Revolução Francesa.
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Sem transportes públicos, restaurantes, coveiros, universidades, prefeituras, lixeiros, padeiros, hospitais e até motéis, o país começou a se esvair pelo ralo de um imenso bueiro. Que, aliás, não funcionava, pois estava entupido de lixo.