Nelson Rodrigues, em sua arquibancada estelar, não deixa de assistir a todos os jogos e a todas as peladas do mundo. E não perderia, por nada, essa Copa na terra de Fiódor Dostoiévski, o criador do “sofredor” Raskolnikof e da obra prima “Crime e Castigo”.

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Com o anjo Nelson na torcida, vamos ganhar esta Copa, cometendo o “crime” de compensar o  “castigo” dos inesquecíveis 7 a 1.

 

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Saudosista irremediável, Nelson encarna como nenhum outro brasileiro, vivo ou morto, a sua frase nacionalista: “A Seleção é a pátria de chuteiras”.

— Ai de mim! – soluçava o “anjo pornográfico”, em lágrimas.

“Sou um brasileiro que só enxerga o Brasil. Nas Copas do Mundo, sinto-me cheio de tambores, metais e cornetas, como se eu fosse o próprio Hino Nacional”. Em seu tempo de vida a Seleção era hostilizada nos amistosos preparativos das Copas. Foi num jogo da Seleção, vaiada em casa, que Nelson concebeu uma de suas frases solares:

– O brasileiro vaia até minuto de silêncio.

E outra, sobre a “perseguição” da torcida:

— A Seleção viajou ontem. Acabou o seu “exílio”…

Hoje, os tempos são outros, a Seleção joga em muitos países, menos no Brasil. E a única unanimidade dos torcedores “Pachecos” é o apoio à Seleção, com o hino cantado a plenos pulmões, até para contrariar a “ditadura” da Fifa e sua versão desidratada do belo poema de Osório Duque Estrada em música de Francisco Manuel da Silva.

Ouvindo a torcida cantar o hino à capela, Nelson quase não acreditou:

— Imaginem alguém semiletrado cantando versos eruditos (nem por isso menos belos) que falam em “florão da América”, “clava forte” e “lábaro estrelado”? É a glória de um hino pacifista, que enaltece as riquezas naturais do país, sua flora e sua grandeza.

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O “anjo” está confiante para a estreia do Brasil, dia 17 de junho, contra o ferrolho da Suíça. “A Canarinha jogará um futebol irrepreensível, capaz de golear todos os retranqueiros”.

Corremos o risco de ver um extremista na presidência da República. Já imaginaram um ficha suja ou um maluco perna de pau, em meio a essa bagunça em que se transformou o nosso “Brasil brasileiro”?

Um Zero no Planalto. Mas o “presidente” da Copa – Nelson não duvida – será o Neymar…

Será que compensa?

 

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