Ao contrário de Benjamin Button, aquele ser humano que nasceu velhinho e morreu neném, já nasci Florianopolitano de 300 anos – e, como Floripa, nem penso em morrer.

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Todo mundo se queixa da vida que corre nos dias de hoje, ano de 2050 –  com o excesso de gente pelas ruas e pelos shoppings. Mas já foi bem pior, nos tempos em que os velhos carros se obrigavam a rodar sobre ruas e estradas.

O aeromóvel transferiu o problema para o espaço ionosférico: todo mundo tem um carro ou uma motoca do ar. E as colisões acontecem, com considerável número de vítimas, principalmente durante os chamados “feriadões” – nos quais todo mundo descansa de não fazer nada.

A duração da vida humana foi substancialmente prolongada depois que um médico catarinense descobriu, em 2035, a vacina genérica contra o câncer, com base na célula-tronco anti-metástase. Com isso, tornou-se o primeiro brasileiro a ganhar um Prêmio Nobel.

A Copa do Mundo de 2046 foi ganha por Cingapura, o pequeno país mais avançado em Tecnologia da Informação. Jogou com um time de craques, todos robôs.

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Floripa é hoje uma metrópole de três milhões de habitantes, 60% dos quais octogenários, que ainda correm pelas novas alamedas das avenidas “beira-mar”, na Ilha e no Continente.

A nova sociedade extinguiu a família, como se concebia antigamente: casamento, filhos e bodas de envelhecimento. Ninguém aguenta mais a mesma pessoa por mais de um século. Do tempo antigo restaram arquivos fotográficos já amarelecidos, especialmente num estúdio do centro da cidade, tombado pelo Patrimônio Artístico e Social. As fotos, assinadas por um certo Waldemar Anacleto, revelam vários desses velhos grupos sociais em determinado momento de suas vidas – um momento feliz, pois todos aparecem sorrindo.

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Com a evolução dos sistemas de computador, capazes de administrar serviços governamentais, aboliram-se as casas representativas e os ditos  “representantes”.

Acabaram-se os partidos políticos e os cidadãos mais proeminentes estudam “Ciência da Administração”, apenas para acompanhar o desempenho dos “Cyborgs Públicos”, grupo de computadores encarregados da gestão pública.

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Com o fim da corrupção, todos pagam os seus impostos e poucos se queixam das soluções cibernéticas. Aliás, a corrupção só subsiste num país de seis letras, situado abaixo do Equador.

 

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