Quem venceu a eleição dos rejeitados? Começo da noite, ainda não sabemos. Escrevo antes da apuração, em meio a um festival de fakes que prometem a vitória antes da hora. As pesquisas se alimentaram do descrédito geral – e os candidatos competitivos fizeram como Henry Kissinger na guerra do Vietnã: bateram em retirada e proclamaram a vitória! O mais provável seria o caminho de um novo turno – ou teria acontecido a desmoralização das pesquisas e a eleição antecipada?

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É neste instante que devemos entender aquele carcomido diagnóstico de Sir Winston Churchill: “A democracia é a pior forma de governo, com a exceção de todas as demais”.

Democracias plenas são regimes plurais que permitem o voto até mesmo contra si mesmas – embora se pretenda que os eleitores saibam distinguir quem vota para exterminá-las e quem vota para reverenciá-las.

L’Infer sont les autres” é a sempre lembrada frase famosa de Jean-Paul Sartre, o filósofo do ser e do existir. Pois neste fundamental ano de 2018 o eleitor teve, mais uma vez, a oportunidade de ser “o inferno de quem o infernizou”. O voto tem esse condão purificador: permite tratar com ódio os que odiaram a democracia. E com amor os que a respeitaram. A democracia sempre foi o pior – e o melhor dos filtros. Mas os seus controles são precários e, para preservarem a justiça, não podem ser discriminatórios. Mesmo os que “não sabem”, têm o direito de votar!

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Diante da maquininha eletrônica, cada botão foi, ontem, uma espécie de guilhotina. E quando o dedo do eleitor impactou a tecla “Confirme”, a sentença saneadora desceu sobre os pescoços dos representantes que  desonraram a “procuração popular”. O voto é uma vacina contra a “Zika” que ameaça arruinar a democracia. É hora de escrutinar e avaliar a vida e o caráter de cada candidato a deputado, a senador, a governador.

Quadrilhas como as que governaram o Rio de Janeiro ameaçaram todos os Estados e o único antídoto foi a faxina do eleitor. É aí, pelo voto, que o Brasil começará a ser reformado. O eleitor, que já sabe quem venceu, pode puxar a reza. “Ora pro nobis”, ó Senhor dos Justos – e poupe-nos de algum ficha suja que tenha enganado os controles.

 

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