Instala-se no próximo dia 7 de março uma das mais ignominiosas instituições da República: a “janela partidária”, que estabelece o prazo de 30 dias durante os quais os parlamentares estão autorizados a mudar de partido sem que corram o risco de perder seus mandatos.
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Pior: a principal moeda de troca é o dinheiro público que bancará as campanhas. Além do novo fundo eleitoral, R$ 1,6 bilhão, haverá mais R$ 888 milhões do fundo partidário a ser distribuídos para os Judas do colarinho branco.
Planilhas e tabelas com o cálculo de quanto caberá a cada partido circulam pelo plenário da Câmara, com a promessa de mais dinheiro para quem mudar de camisa. O comércio chegou a tal ponto que os próprios interessados – os que não despertam muito interesse de outros “times” – se queixam:
– Deputado agora virou jogador de futebol? Tem “passe” negociado no mercado?
O notório deputado Paulinho da Força circula com a “planilha” do seu partido, o Solidariedade, cujo caixa anda “baixo”. E tenta cooptar os Judas mais baratinhos:
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– Tem gente dizendo que vai dar R$ 2 milhões para os que aderirem aos seus partidos. Mostro logo a “tabela” para desmentir o cara.
Não é edificante, ético e moral esse “sistema de cooptação”?
Os “trânsfugas”, não querem nem saber. O que interessa, mesmo, é a “reeleição”, de carona com qualquer aliado, ou até mesmo com algum partido de “ficção”, só para ganhar uns minutinhos a mais na tevê.
O TSE tentou normatizar a “baldeação” dos irrequietos. Em pura perda. São muitos os subterfúgios para os puladores de cerca. E ainda há essa tal “janela”, refúgio dos “traíras”.
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É a oficialização da “Casa da Mãe Joana”. A união de jacaré com cobra d’água, de zebra com jaguatirica. Basta assistir a esse “Bazar Eleitoral” e descobrir as alianças mais heterodoxas. Partidos situados à esquerda do espectro político unidos à fina flor dos mais conservadores – e vice-versa.
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É a “janela” aberta para a casa de Joana.
Para os que não sabem, ela existiu, a tal Mãe Joana. Viveu e reinou em Avignon, lá pelo ano de 1300, antes do Papado alternativo. Sua casa de “tolerância” fazia a alegria dos políticos e, acreditem, dos Papas. Qualquer semelhança…
Eleitor: nunca vote em quem troca de partido. Seu nome é Judas.