“Infeliz a nação cujo povo precisa de heróis”, escreveu em Galileu, Galilei o dramaturgo Bertold Brecht.
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É provável que a Inglaterra da Segunda Guerra não concorde com o teatrólogo. A Grã-Bretanha foi salva por um herói que todas as nações invejariam. Nenhum inglês é mais cultivado do que Sir Winston Spencer Churchill, o múltiplo talento de político, orador, escritor consagrado pelo Nobel e “profeta” que, com três grandes discursos, salvou o Reino Unido do cruel destino de se transformar em nação escrava do nazi-fascismo.
O mais importante talvez tenha sido o que dirigiu ao seu Gabinete de Governo, no qual advertiu: “As nações que caem lutando, renascem e são respeitadas pela história. As que se rendem, sucumbem e se perdem na poeira dos tempos. E se a longa história desta nossa Ilha tiver que terminar, que seja com cada um de nós deitado no chão, sufocado pelo próprio sangue”.
O segundo aconteceu logo ao assumir o posto de premier, em 10 de maio de 1940: “Nada tenho a vos oferecer, senão sangue, trabalho, suor e lágrimas”.
O terceiro ocorreu após o milagre de Dunquerque, em 28 de maio. O discurso entrou para a história no exato momento em que saiu da boca de Churchill. Ele citou “as praias, os campos de pouso, as ruas, as montanhas, os mares e o ar”, como os locais em que os britânicos combateriam o bárbaro inimigo: “Nunca nos renderemos”.
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Se você, caro leitor, estiver perdendo muito tempo nos muitos engarrafamentos da Ilha, renda-se ao magnífico “O Destino de uma Nação – Churchill”, do diretor Joe Wright, com um perfeito Gary Oldman no papel-título. Ao dar vida ao beberrão, comilão e irascível líder, emoldurado por seu indefectível charuto, seu humor refinado e seus brilhantes discursos, Oldman ganhou o Globo de Ouro de melhor ator e prepara-se para ganhar o Oscar. Churchill renasce, sem retoques. Tomando uísque já de manhãzinha, trabalhando na cama de camisolão, em casa, com a mulher, Clemmie – impecável caracterização da atriz Kristin Scott-Thomas – duelando com os pacifistas sem caráter e até numa improvável “consulta” ao ânimo popular, quando teria tomado o metrô para Westminster querendo medir o moral do povo para entrar com tudo na guerra.
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