O voto está reformando a “velha senhora”, aposentando as oligarquias, expulsando os vendilhões do templo, encostando os “partidões” viciados na inércia e nos “alcances”. Ainda não é a perfeição, mas, quem diria: a renovação dos parlamentos está próxima dos 70% – no que já se caracteriza como “uma reforma política pelo voto”.
Continua depois da publicidade
Tem eleitor que faz um muxoxo, acha que o voto já não muda mais nada nesta senhora hoje tão mal afamada, Dona Democracia. Todos falam em seu nome. Alguns para usá-la. Pois a Democracia é uma senhora permissiva. Admite que os que nela vivem, dela falem mal. Ou até mesmo tentem destruí-la. Ora, Democracia é uma mulher da vida -, mas, em todo caso, é a “menos feia” desse bordel em que se transformou a civilização governada pelo sistema dito representativo nos dias de hoje.
É tanta trampolinagem, tanta “impotência” da cidadania ultrajada, que até mesmo a mocinha outrora tão cortejada passa a ser um ente assexuado e sem graça.
Quando o “alcance” do dinheiro público ganha a dimensão de uma endemia – e quando uma justiça ainda hesitante hipervaloriza o direito dos réus e acaricia a fronte dos ladrões – emerge das urnas a dúvida e a perplexidade do eleitor:
– Votar adianta alguma coisa? Faz a diferença?
Continua depois da publicidade
Ora, votar é depurar. Em quem votar? No menos pior? E se o melhor se revelar o pior?
Democracia deveria vir com um certificado de garantia, como um carro, um eletrodoméstico. Não adiantou, tá “bichado”? Faz um recall: funciona como aqueles selos colados num bom livro. Sinal de que é possível trocar o presente na livraria de origem, se o obsequiado já o possui.
É preciso perseverar no aperfeiçoamento dessa mulher permissiva e difamada.
°°°
Votar é refinar, escolher. É, primeiro, eliminar os “maus”. É preciso saber separar os homens – que são passageiros – das instituições, que são perenes. É preciso acreditar num processo de depuração – e que, um dia, o povo e o eleitor, votando bem, promoverão a verdadeira revolução das “mãos limpas”.