A Ilha já fez “cosa” nos Carnavais de outrora, como ter recebido Lisa Minelli no pleno auge de sua fama, ainda sob o brilho de ter interpretado a “Sally Bowles” de “Cabaret”.

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A visita de 1979 aconteceu num momento mágico para Miss Minelli: sete anos depois do sucesso universal de Bob Fosse, em que ela própria arrebatou o Oscar de melhor atriz no papel da cantora Bowles. E ainda no rescaldo de um fracasso de Martin Scorsese, que, aos poucos, se tornaria um grande sucesso por causa do tema musical: “New York, New York”.

Pela mão do amigo Luiz Henrique Rosa, Lisa chegou num fevereiro de muita chuva, uma sexta-feira de lestada, 23 de fevereiro de 1979. Veio com o seu então “chevalier servant”, o italiano Marco Gero, e queria descansar na ilha paradisíaca do amigo dos tempos de Chicago, – “o Luish”, recitava, fazendo do z um ch. Sim, o mesmo Luiz, com quem gostava de cantar, em português, “O Canto de Ossanha” e “Se Amor é Isso”.

Empoleirada num caminhão de externas de tevê, assistiu o desfile das Escolas de Samba, e aplaudiu, com o mesmo entusiasmo da “Sally Bowles”, à arrasadora passagem da “Copa Lord”.

Com a gargalhada peninsular do pai italiano, Vincent Minelli, mas guardando nos olhos a melancolia da mãe, Judy Garland, Lisa viveu uma terça-feira gorda de “manezinha”. Acordou tarde, numa casa de Sambaqui, emprestada pelo empresário Armando Gonzaga. Pôs-se ao “deck” para pegar o hesitante solzinho, “antes que aparecesse o “boat-man” – um “homem de barco”, ele mesmo, o inevitável fotógrafo Paulo Dutra. Almoçou às três da tarde – arroz, mamão papaya e camarões ao bafo – e foi visitar a Lagoa da Conceição e a Praia Mole.

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Extasiou-se, apesar da atmosfera cor de chumbo. Na Lagoa, comprou rendas e fez uma promessa ao amigo “Luish”: “um dia, vou ter uma casa aqui”…

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