Meia hora todos os dias ao longo de 45 dias, em horário nobre. Sem falar nos horários vespertinos e matutinos. Um exagero.
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Ainda bem que até 15 de julho é Copa do Mundo. Mas agosto – mês sabidamente “agourento” – não tarda. E com ele chega essa “herança” da ditadura que é o Horário Eleitoral Gratuito. Durante um mês e meio os telejornais serão expulsos da sala de visitas do contribuinte – e, zás! – entram os candidatos de partidos nem sempre “verdadeiros”, meras ficções ou alegorias pouco sérias.
Sendo a tevê uma concessão do Estado – e cabendo a este bancar a conta, mediante “renúncia fiscal” – chega-se à conclusão, óbvia, de que a fatura é dividida por cada contribuinte.
Instala-se, então, um paradoxo: o contribuinte “paga” até mesmo para ouvir o candidato por quem nutre completa ojeriza. O charlatão que gostaria de ver banido da política..
Enquanto os candidatos aplicam seu tempo de tevê discutindo assuntos de interesse comunitário, projetos e programas de seu Estado e cidade, o contribuinte ainda consegue formar alguma “massa crítica”. Mas quando eles se empenham em “denunciar” os oponentes, seja mediante fatos, seja através do que se convencionou identificar, em campanha, como “Fake News” , aí, tudo degenera. Sobem ao éter boatos, difamações e baixarias em geral – sem falar nas projeções manipuladas de números de pesquisa.
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Não existe, em país algum do mundo, programa “gratuito” em horário nobre, franqueado à guerra de mentiras, meias-verdades ou desmentidos. O que deveria haver – isto sim – é a normatização eficaz dos debates, para que o “contraditório” fosse exercido, “ao vivo”, para juízo do telespectador.
Como a lei eleitoral muda todos os anos, ao sabor da conveniência dos senhores legisladores – mas, ultimamente, “interpretada” com algum protagonismo pelos tribunais – que tal consultar, a sério, o principal interessado – ele mesmo, o paciente eleitor?
Todos haveriam de escolher os debates. Os candidatos a governador e presidente se mostrariam, “como são”, em debates televisivos conduzidos, como têm sido, pela mídia.
Fora disso, é ultraje à inteligência de quem paga.
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