Não haverá, imagino, campanha mais morna e deserta de atmosfera do esta de 2018. Nos quarteirões da Felipe Schmidt não se perceberá um único “santinho”. Por paradoxal que possa parecer, será um avanço.
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O eleitor parecerá mais amadurecido e insuscetível de se deixar influenciar pelos mantras dos candidatos. Anos atrás, recebi santinhos repletos de rimas pobres e idéias idem.
“Idoso, pra melhorar seu auxílio, vote no Abílio”. Ou: “Pra aumentar seu benefício, vote no Fabrício”.
De minha parte, gostaria de ver tremulando entre os candidatos uma faixa depuradora, ainda que de sinceridade duvidosa:
“Vote num candidato justiceiro, aquele que não meterá a mão no baleiro!”
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Pois é disso que se trata. Aliviar o Tesouro do assédio permanente a que se vê subjugado, com equipes de assalto requerendo suas reeleições no reino das estatais. Nunca se viu apego maior às cadeiras de espaldar alto do poder. Não há campanhas feias, em que vale tudo. Feio é perder.
“A reeleição fez mal ao Brasil”, admitem os políticos sérios – sim, eles existem. Mas a constatação teria melhor validade pronunciada por outras bocas, posto que o instituto da reeleição foi introduzido na vida brasileira exatamente pelos tucanos, que se pretendiam “sérios”. Dito assim, com esse pecado original, o diagnóstico soa como mais uma manifestação de horror à alternância no poder: reeleição só é boa se é o “nosso” partido que a usufrui.
Uma eleição morna é sinal de evolução. Menos jograis e modinhas, mais avaliação e reflexão. Em países de democracia avançada, o dia da eleição transcorre em absoluta calmaria e, se em dia útil, nem feriado é.
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Vivi um 3 de novembro em Nova York, dia de eleição presidencial, uma terça-feira. Afora um camelô vendendo bottons numa esquina, nada indicaria ser aquele o dia em que os americanos optariam entre Bill Clinton e o velho Bush, num país em que o voto é facultativo.
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O presidente da República deveria ser apenas o funcionário público mais graduado, e não um Messias nos quais partidos cevados na “boquinha” arriscam todas as suas esperanças de perpetuação no poder. Quando este dia chegar, o Brasil estará salvo.
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