Não se dirá que é fácil escolher um bom nome para deputado, para governador, para presidente. Os nomes do cardápio são desoladores. Ou são sempre “os mesmos” ou são novatos que só aparecem para alugar a legenda de algum “nanico” aos mais poderosos. Ainda assim, o eleitor tem que pesquisar, comparar, acender a sua lanterna em busca de um honesto.

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Malhar as eleições – “são muito caras!” – é um velho cacoete brasileiro. Tem político que não se cansa de pedir “prorrogação de mandatos”, com a justificativa de que “eleição custa caro”. Ora, muito mais caro é o mandato longo. O dos senadores, por exemplo. Oito anos. Uma excrescência. Quanto mais eleição, melhor. Um dia, aprenderemos a exercer esse direito tão fundamental à democracia, que é o voto livre, secreto e universal. É preciso valorizar o voto para baratear as campanhas.

Houve época em que o “material humano e moral” era animador. Viciados eram os métodos eleitorais, como as eleições de bico-de-pena da República Velha. Como testemunhou Gilberto Amado:

— Antigamente as eleições eram falsas, mas a representação era verdadeira. As eleições não prestavam, mas os deputados e senadores eram da melhor qualidade.

As eleições continuam sendo, contudo, um grande aprendizado democrático, em que a primeira lição é a do princípio universal da alternância no poder. Numa genuína democracia há altos e baixos, é da essência da vida e da natureza do mais justo dos regimes políticos, como afiançava o velho Winston Churchill.

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Só a repetição ad nauseam das eleições aperfeiçoará usos e costumes políticos e – um dia – voltará a magnetizar todos os homens de bem da República.

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A qualidade dos representantes deve refletir a competência de uma boa escolha. Caberá ao eleitor brasileiro a última palavra para melhorar a atual representação nos parlamentos. Se no supermercado o eleitor pesquisa naturalmente os preços e a qualidade dos produtos à venda, uma vigília ainda mais atenta será requerida na hora de escolher aquele que o representará nas casas da democracia.

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