Que Rússia é essa que oferece seus campos ao rolar da “Telstar”, a bola da Copa?

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Economia menor do que a brasileira, equivalendo a R$ 5 trilhões, décimo segundo PIB do mundo, só de orçamento militar consome quase 5%, necessários para sustentar talvez o maior dispêndio em ogivas nucleares do planeta.

Em 1978, sob Leonid Brejnev – à época com mais de 80 anos e foto 40 anos mais jovem na propaganda oficial das ruas – visitei essa Rússia da revolução de Lênin, que queria parecer o que não era: uma potência industrializada. Era, na verdade, uma potência industrial-militar. Um Brasil com foguete à Lua. Não fabricava uma geladeira decente, mas venceu a corrida espacial contra os EUA, dominando tecnologia militar de ponta.

 

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Havia uma certa igualdade entre estratos sociais “pobres”. Hoje, com todas as grifes do capitalismo de Estado, os pobres aumentaram e os ricos estão no comando, associados ao “Czar” Putin. Inegável reconhecer que a Rússia prosperou e se desenvolveu depois do fim do chamado “socialismo real”.

Asseguram os especialistas: ao preço de um nível de corrupção ainda maior que do o daquela outra grande nação, florescida em terras tropicais. Com liberdade de imprensa controlada, a Mãe Russa, tão simpática, está habituada a aceitar governos fortes – sejam os de “czares” monárquicos, socialistas ou do presidencialismo absoluto deste já eterno Rei Putin.

A Rússia que se revela à luz da Copa, é um país de admirável cultura, organizado, população educada e disciplinada, embora controlada com mão de ferro: lá não se espalham greves ou passeatas sem imediata repressão, especialmente as de intolerância homo-afetivas.

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Não vamos realçar ou procurar as mazelas que existem. Não durante uma Copa que promete ser impecável – e, consentânea com a alma russa, alegre.

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Tantas são as nações plantadas no imenso território da Rússia quantas são as 69 línguas e dialetos falados desde a fronteira com a Polônia até os montes Urais.

Um georgiano não se parece com um moscovita, que nada tem em comum com um aristocrata da europeizada São Petersburgo. A alma russa é tão rica e variada que, igualá-la, seria confundir Tolstoi com Dostoiévski

 

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