Nada mais imprevisível do que a previsão do tempo. É verdade que na era dos satélites meteorológicos o “retrato” do tempo futuro ganhou uma precisão quase científica. Mas nada que não seja “bagunçado” por uma boa lestada:

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– Mar de rebojo, três dias de chuva e nojo.

O tempo. Nada mais bizarro, nada mais inglês do que a previsão do dito. Produzido na tevê inglesa como se fosse (e é) o primeiro programa em audiência: todo mundo querendo confirmar o que qualquer inglês já sabe. Vai chover.

Elevado à categoria de ciência, o time- forecasting ganha um espaço mais do que exclusivo no noticiário da TV. Nada de ficar restrito a uma frase isolada da Maju do tempo:

–  O tempo será instável no Sul, nublado no Norte, Nordeste e no Planalto Central. Já o Sudeste terá uma terça-feira de sol, boa notícia para os que ainda estão em férias.

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Isso, lido na velha Britânia, seria uma blasfêmia. O tempo, lá, requer todo um ritual para ser apresentado. Como se fosse o próprio Zeus no Olimpo do tempo, o apresentador vai distribuindo nuvenzinhas brancas e negras, misturadas a pingos de chuva.

Cada inglês fica sabendo, então, que tipo de guarda-chuva usar no dia seguinte. Com a atenção que devotaria apenas à cotação das suas ações na Bolsa de Londres, o telespectador aguarda o veredicto que caberá à sua região. Então, o “mago” do tempo retira da sua cartola uma imensa coleção de alternativas: se em determinada área estão previstas wintry showers (chuvas de inverno), para o quarteirão seguinte podem estar reservadas “some showers with sunny intervals” – isto é, chuva, sim, mas com o refresco de algumas espiadelas de sol.

Num determinado momento o oráculo anuncia uma caprichada incoerência: “Dry… with some showers”. Ou, tempo predominantemente seco, mas com chuvas intermitentes.

Ou seja: lá como cá, lestadas há.]

°°°

Tenho um amigo inglês que jura chover mais aqui do que na ilha da Rainha. Mas, apesar dessa heresia, ligou para me cumprimentar pelo fim de semana de sol. E me desejou uma semana de “brighty and sunny days”. O que se traduz, leitor, por um forte prenúncio de chuva, ainda que debaixo de um sol grego.

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