Qual seria a palavra mais bonita da língua portuguesa?
Qual seria a rosa mais bela do jardim do Lácio? O leitor teria uma candidata? Votaria em qual palavra? Amor? Felicidade? Paixão? Ternura? Apetite? Humanismo? Solidariedade? Caráter? Honestidade? Pátria?
Continua depois da publicidade
Palavras têm vida, rosto e respiração. Seus sons, muitas vezes, imitam os objetos ou os sentimentos que querem expressar. A palavra “suspiro”, por exemplo, não parece mesmo um suspiro…? Um lamento, um sinal de cansaço, de incômodo? São as palavras “ono”, as ditas “onomatopaicas”, que sugerem o seu significado pelo próprio som.
Há palavras magras e gordas. Emocionantes e caricatas. Escandalosas. Haverá maior escândalo do que a palavra “es–cân-da-lo”? Uma proparoxítona que se espalhou como a peste, contaminando os meios sócio-políticos do Brasil?
Uma palavra pode ser fingida, dissimulada, como um“eufemismo” _ maneira suave de se amenizar uma dura verdade. Ou simplesmente divertida, como “pirulito”. Esquisita, como “esparadrapo”, talvez a mais engraçada de todas.
Continua depois da publicidade
“Biscoito” é graça pura. Segundo o etimólogo Reinaldo Pimenta, que gosta de brincar com as palavras, o vocábulo não quer dizer “duplo coito”, mas sim “cozido duas vezes”, do Latim“bicoctu”.
Pimenta vive neste Brasil “amigo do alheio” _ e, por isso, ficou curioso com a evolução etimológica da palavra “larápio”. Descobriu na Roma antiga um juiz chamado “Lucius Amarus Rufus Apius”.
O distinto proferia suas sentenças sempre a favor do “Paganini” _ isto é, de quem lhe pagasse mais. Como era costume na época, os primeiros nomes apareciam só com as iniciais. Razão pela qual o corrupto acabou criando um neologismo ao assinar suas sentenças da seguinte maneira:
– L.A.R Appius.
Continua depois da publicidade
Volto ao começo. Qual a palavra mais bela do nosso léxico?“Larápio” é que não é.
Para não cair no lugar comum de dizer que é “amor”, ou “saudade”, voto em esperança.
Quem espera sempre alcança. No momento, o Brasil espera que as estradas estejam livres e que o sofrido povo brasileiro possa ao menos ir e vir, encontrar gasolina nos postos e alimentos frescos nas feiras e nos supermercados.
Leia outras crônicas de Sérgio da Costa Ramos
Veja também as publicações de Cacau Menezes