Imagine-se um ladrão legalizado, pagando imposto, direitinho, e ainda por cima legislando sobre “crime contra o patrimônio”. Seria como reescrever  o “Novo Testamento”: Barrabás julgando Jesus. E o condenando.

Continua depois da publicidade

Chegamos a quase isso. Há delatores perdoados e vivendo muito bem em seu mundo paralelo. Veja-se o caso de Marcelo Odebrecht, por exemplo. Os dois anos de cadeia passaram rápido. O grande “corrupto-corruptor” se transformou praticamente num exemplo vivo de que o crime compensa.

Ainda não escapamos desse horror: há políticos que não se incomodariam com esse triste papel. Acham que ser corrupto é padecer no Paraíso. O único risco é ser descoberto pela imprensa enxerida, que adora fazer escândalo de tudo. Que gosta de maltratar e expor ao ridículo os nossos ladrões mais “honestos” e mais tradicionais.

Corrupto também sente vergonha. A seu modo, é claro. Vergonhoso, mesmo, seria perder, por exemplo, “aquela” concorrência pública que já estava combinada – e, por isso, “no papo”.

Roubar é verbo conjugado no Brasil desde Pedro Álvares Cabral – e nunca se soube que tenha sido banido como verbo avesso aos usos e costumes da Terra Papagalis

Continua depois da publicidade

Anda tão disseminada no Brasil a transgressão ao sétimo mandamento das tábuas de Moisés – o Não roubarás – que já se tornou uma verdade quase bíblica a suposição de que, aqui, o ladrão já nasce feito.

Talvez seja o momento de “legalizar” logo o furto. E cobrar imposto de renda toda vez que o tesouro da viúva for roubado. Roubo acima de um milhão, alíquota máxima! O ladrão pagaria 27,5% de IR sobre o total “aliviado” do Tesouro…

Quem seria o primeiro parlamentar a acolher a ideia, transformando-a em projeto de lei? Talvez aqueles com gorda conta na Suíça, mas que vivem repetindo: “Quem encontrar um centavo meu no exterior, terá o direito de herdá-lo…”

°°°

Com a legalização da ladroagem os contribuintes seriam menos lesados. Afinal, ficaria valendo aquela sábia máxima tributária, segundo a qual “quando todos pagam, todos pagam menos”.

Continua depois da publicidade

 

Leia também:

“Nossa candidatura é antissistema”, afirma o candidato ao Senado Ricardo Lautert (PSTU)

Eleições: STF tem protagonismo desnecessário para o momento