Floripa continua linda e engarrafada. Pior: não há a menor hipótese de qualquer obra de infraestrutura – como a restauração da ponte Hercílio Luz ou a rodovia do novo aeroporto – completar-se no período de uma ou duas gerações.

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Governos, aqui, sejam do Estado ou do município, são meros bibelôs. Pagam a folha (e olhe lá) e recolhem o lixo, quando não há uma daquelas greves longevas.

Vejam o caso do Museu da Cidade, em plena Praça XV, histórico edifício que foi prefeitura, Câmara e Cadeia. As obras se arrastam há 11 anos! – com início em 2007 e promessa de inauguração em 2010.

E a estrada para o novo terminal aeroportuário? Os suíços da Floripa Airport vão entregá-lo em outubro de 2019. Já a estradinha a cargo do governo do Estado, quem arrisca?…

Fica difícil para os suíços entender a razão de não estar sequer definido o vencedor da licitação das obras do último trecho de acesso, de meros 3 quilômetros. A derradeira notícia da burocracia é que ainda faltam as desapropriações de quase 200 terrenos!

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Ou seja: no Brasil há o “custo-país”, o “custo-propina” e o “custo-Floripa”. Nele, qualquer pinguela leva 10, 15 anos para ficar pronta. Como o interminável elevado do Rio Tavares, que, dizem, é um cemitério indígena…

Pior: a capital catarinense seria a vice-campeã mundial da imobilidade, derrotando apenas a capital tailandesa, Bangcok. Exageros à parte, o labirinto da Ilha de Santa Catarina não se formou ao longo de milênios, como o da Ilha de Creta. Bastaram duas décadas. Temos vários Minotauros e nenhum Teseu.

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Some-se a todos esses males, o da monocultura automotiva, velha arteriosclerose do Brasil. Único país do Mundo com 8 mil quilômetros de costa oceânica sem uma frota mercante e uma única tonelada transportada em navegação de cabotagem.

Aqui predomina a “anti-lógica” do baronato rodoviário: em 10 anos, a frota brasileira pulou de 28,5  milhões para 63 milhões de veículos, com algumas cidades – inclusive a que a Ilha hospeda – matriculando quase um carro para cada vivente.

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Com a infraestrutura patinando na infravontade das autoridades inertes, nossa Floripa ficou entregue aos Minotauros e seus Labirintos.

 

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