Com o eterno déficit fiscal, o contribuinte que se prepare. A quem os perdulários vão recorrer para calafetar o grande buraco?

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Ao cidadão indefeso, este reincidente pagador de impostos. “Um governo – qualquer um – é como um bebê de colo, chorando pra mamar”. Com a diferença de que os bebês de verdade só choram de duas em duas horas. E os governos procuram as tetas do Tesouro de 15 em 15 minutos.

A comparação, impressionante pela sinceridade, foi produzida por um ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan, que usava um imenso “chuca” de bebezão, à guisa de topete. Para conter um déficit e uma inflação galopantes em 1981, Reagan elevou os juros americanos a 21% ao ano – e quebrou emergentes como México e Brasil.

Ao final do século 20, os 27 Estados brasileiros renegociaram suas dívidas com a União, num negócio de pai para filho –  6% de juros ao ano e 30 anos para pagar em módicas prestações, num percentual variável entre 8% e 13% das receitas estaduais. Apesar desse “alívio”, os Estados estão falidos de novo e lançam olhares compridos para o também combalido caixa da União.

Esganado, o governo federal não quer partilhar impostos, nem renegociar o bolo. A solução será mamar na teta cansada do contribuinte, obrigando-o a trabalhar mais e a fornecer mais leite.

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Nenhum governo estadual fez ajuste fiscal contendo despesas. Todos alcançaram algum “equilíbrio” aumentando impostos. Quem paga, sempre, é o palhacinho do contribuinte.

Com a carga tributária cada vez mais próxima dos 40% do PIB, cada brasileiro já se prepara para trabalhar para o governo pelo menos até o quinto mês do ano –  este maio ensolarado, a partir do qual passa a cuidar de sua vida e de suas próprias dívidas.

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O governo federal acaba de forrar a carteira neste último dia 30, prazo fatal para declaração e pagamento do IR. Como não atualizou a tabela do mal distribuído imposto, é como se tivesse “inventado” novos tributos.

O que já fez a prefeitura. Inventou imposto novo, ao lado do IPTU, uma certa “Taxa de recolhimento de Resíduos Sólidos”.

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Sólida, mesmo, tem sido a interminável paciência desse pagador nunca remido – o castigado brasileiro.

 

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