Nos primeiros instantes do Gênesis Deus criou os céus e as terras – e pessoalmente retocou nossas duas baías e a Lagoa da Conceição. Determinou que a terra produzisse verdura, erva com semente, árvores frutíferas e pastagens. Distribuiu as belezas naturais um tanto aleatoriamente, exagerando naquele país chamado Brasil.

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Criou o Rio Amazonas e o Rio de Janeiro. Não sabia que criava também dois símbolos: o da floresta sempre perseguida e o da degradação da moral e dos bons costumes. Que haja “luzeiros” – concebeu – nos firmamentos dos céus, para diferenciarem o dia da noite e servirem de sinais, formando as estações, os dias e os anos. Depois de criar os animais ferozes e suas espécies, Deus criou o bicho “homem”, como uma projeção de si próprio.

– Façamos o homem à nossa imagem e semelhança, para que impere e domine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre os répteis que rastejam sobre a terra.

Sem querer, acabara de criar o mundo da política, com seus fichas sujas e seus “petroleiros”. Deus ainda não sabia que no Brasil seria assim: o direito dos criminosos haveria de ser de um zelo absoluto. Sim, se você se tornasse um “torto”, teria direito a todos os direitos.

Já se você fosse um “direito”, seria apenas um careta, um chato. Na hora de “pegar” um criminoso, os carimbos funcionarão a favor do delinqüente e contra a sociedade. A começar por essa Constituição-Frankenstein de 500 artigos e mais de 50 emendas. Virou um Almanaque de “Pharmacia”,   em que tudo é possível, até o inimaginável.

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Nossa carta dita “cidadã” não conseguiu instituir um sistema que produza sentenças terminativas. Assim, aquele mandamento bíblico  – (“Não Roubarás!”)  – ficou completamente ao relento num país de “trombadinhas”.

Todos os ladrões apanhados com a boca na botija poderão permanecer soltos “até sentença transitada em julgado”. Quer dizer, “até sempre”…

De “sentença transitada em julgado” e de  punição, ninguém morrerá naquele país criado por Deus e belo desde o Paraíso, mas impune por natureza…

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