A medicina já tornou realidade a reposição de órgãos humanos mediante uma espécie de “cultura” de células-tronco. Em alguma estufa genética prosperam “hortas” de orelhas, narizes, bocas, rostos, corações, rins, estômagos, bexigas – e assim por diante. Por que não uma horta de políticos honestos?

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Não haveria órgão do corpo humano que não pudesse ser substituído, no todo ou em parte, por algum fruto desse verdadeiro pomar de Frankensteins. A exemplo da maricultura, uma humanocultura que, ao invés de ostras, cultivasse órgãos vitais para melhorar o ser humano.

A cultura de células de cartilagens em tubos de ensaio já é um grande sucesso, o que permitirá à medicina manter um sortido “almoxarife” de peças de reposição: orelhas, narizes, pálpebras, bochechas, tecidos para enxerto labial e um sem-número de outras “peles”, prontas para aplicação onde o freguês e a freguesa desejassem.

– “Quero uma boca igualzinha a da Angelina Jolie!”… – diriam as sequiosas de beleza.

Os narigudos amargurados poderiam cultivar um naso exemplar, de pura cartilagem humana, como quem experimentava, antigamente, uma daquelas máscaras carnavalescas que, junto com o nariz, trazia também o óculos e o bigode. Com tanta novidade, a medicina genética reservou para este 18o ano do novo milênio um produto ainda mais espantoso: o sangue em pó.

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Já imaginaram se os Dráculas da corrupção descobrem o novo invento e assaltam o almoxarife da hemoglobina em pó? Derivado do plasma de porcos e bois, o “sangue em pó” seria um autêntico concentrado de vida, uma espécie de groselha pra vampiro nenhum botar defeito. Só que o derivado seria servido em pó, como um Nescau.

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A pele artificial – já em produção nas “parreiras genéticas” – teria aplicação em vítimas de queimadura grave, como a daqueles candidatos “escaldados” por denúncias de malfeitorias e “queimados” por elevadas taxas de rejeição. Peles para novas “impressões digitais”, narizes para novas “máscaras”, hortas para alcachofras recheadas de honestidade. Esse banco genético está na alvorada de um novo tempo, um “Admirável Mundo Novo”, em que os políticos poderiam trocar de identidade sempre que a “ficha original” ficasse suja ou imprestável.

 

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