Há um país sério, que trabalha e que tenta prosperar. E há um país oficial, que só faz enrubescer o cidadão comum, cumpridor dos seus deveres. Gente de moral duvidosa pratica a baixa política num festival de siglas sem rosto. É uma pena que as ditas “pessoas de bem” tenham se afastado da vida pública – claro, com as honrosas exceções de sempre.

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Há um país que vive na treva e faz da escuridão a sua bandeira. O que torna uma greve – de motivo justo – parecer uma ação terrorista, com “infiltrados” cometendo atos de genuíno banditismo? Esse Brasil assusta. E amplifica aquela sinistra profecia feita nos anos 1950 pelo filósofo francês Claude Lévi-Strauss, cujo vaticínio parece se confirmar:

– Há um país dentro das cavernas. O Brasil não conhecerá a civilização. Passará direto da barbárie para a decadência.  

É contraproducente e lamentável “demonizar” a política. Mas, no Brasil, esta que deveria ser uma arte a serviço do bem comum é uma atividade sinistra e marginal. Virou uma “profissão”, superdimensionada pelos meios de comunicação. Alguém conhece o presidente dos Conselhos dos Cantões da Suíça? Ou o ministro da Fazenda do Japão? Ou o atual secretário do Tesouro americano? Ou o “Chancellor of the Exchequer” inglês? Os cidadãos desses países têm mais o que fazer.

Aqui ainda se noticia que o quinto suplente de vereador trocou de partido. E foi recebido “com festa” pelos novos correligionários _ quando deveria perder o mandato por “apropriação indébita”. Acabamos de assistir em abril, o mês da “janela da traição”, ao deprimente espetáculo do troca-troca de legendas, a verdadeira razão de todos os males da “Política-Policial” em que vivemos.

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A lei tentou inibir um pouco a habitual promiscuidade, em pura perda. Não há um único partido político verdadeiramente interessado em dar um “fim” a este cenário obsceno.

Ou, como diria o Barão de Itararé, se pudesse revisitar a cena política:

– Fidelidade partidária é aquele esforço desvairado que os políticos fazem para mudar de partido de seis em seis meses.

 

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