O Brasil vive imerso em trevas profundas: não há um só parlamentar que não saiba da imperiosa necessidade de reformar a Previdência. Já imaginaram o dia em que o Tesouro Nacional não conseguirá mais cobrir o galopante rombo previdenciário – e, assim, não conseguirá mais honrar sequer o pagamento de aposentadorias de salário mínimo?

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Esses pensionistas, no entanto, estão iludidos pelas fake news, plantadas pelos marajás. São aqueles privilegiados com pensões milionárias, egressas do serviço público dos lordes, que tiveram o poder de legislar em causa própria e engordar os próprios salários – hoje transformados em pesadas pensões. Fake News. No Brasil, esses “pais da mentira” agem leves, livres e soltos. E esperam ter mais uma atuação decisiva nesta crucial eleição presidencial de outubro.

O TSE organiza um “grupo de trabalho”, formado por magistrados e pelo núcleo de “informações” do governo (Abin), com a missão de bloquear as fake news. Pergunta-se: que independência e isenção terá essa equipe para exercer sua delicada função, sem o risco de instituir nefasta censura sobre as redes sociais?

Desde o primeiro dia de 2018 vigora na Alemanha legislação obrigando redes sociais com mais de 2 milhões de membros a removerem em 24 horas conteúdos apontados como impróprios, aí incluídos os discursos de incitação ao ódio e notícias “não baseadas em fatos”. A empresa que não atender à exigência poderá ser multada em 50 milhões de euros. Os principais afetados serão Facebook, Twitter e YouTube.

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Assim caminha a humanidade. A mentira, transformada em arma de repetição, torna-se um poderoso cabo eleitoral de candidaturas patrocinadas pela fraude das notícias falsas. Reproduzidas por robôs eletrônicos, elas escamoteiam a falsidade, tornando-a verdadeira. Se já está difícil ao eleitor brasileiro encontrar um candidato limpo e moralmente asseado, mais difícil ainda será monitorar o seu nome e descobrir se “o que dele dizem as redes”, é verdade, ou fake.

Eis a nova desdita do brasileiro: além dos políticos mais desacreditados do planeta, ele terá de lidar com a mentira das redes, essa “entidade”, a peta, que é “a mãe de todos os vícios humanos”. No universo degradado pela mentira generalizada, o perigo será desacreditar do trigo no meio do joio.

Seria a vitória da mentira.

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