Proibida a doação empresarial, as campanhas estão se forrando de dinheiro público, do Fundo para o Financiamento da Democracia. O PSDB, por exemplo, já repassou para Aécio Neves, candidato a deputado federal, nada menos que R$ 2 milhões. O presidente regional do partido em Minas, Domingos Sávio, “reservou-se” R$ 900 mil. O também candidato a deputado Paulo Abi-Ackel, R$ 500 mil. No PP e PT a “caixinha” é semelhante – com vasta coleção de nomes indiciados pela Lava-Jato. A farra se repete entre todos os partidos com direito às maiores quotas do “Fundão”, uma apropriação de entidades particulares, os partidos, contra o Tesouro Nacional, dinheiro público.
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Toda infelicidade do Brasil vem de partidos hoje desacreditados, sem a menor representatividade. É frustrante se ligar a tevê em horário nobre e lá encontramos um sujeito jurando ser “ficha limpa” e prometendo entregar um produto “honesto”, valendo-se de mesada pública. São meros “acampamentos de conveniências”, responsáveis por toda a degenerescência moral que assusta os brasileiros de bem. É uma pena. Fora de partidos sérios e de um sistema político baseado na representação popular, com voto distrital, não há salvação.
É preciso suspeitar das promessas de “governos salvacionistas”, de “projetos de poder” sem qualquer comprometimento com a boa gestão fiscal.
Com os políticos trocando de partido de hora em hora, ninguém acredita mais na mensagem, nem nos mensageiros. O efeito é devastador para todos os lados. O descrédito, geral. Os malfeitos dos “outros” são propagandeados como um novo óleo vegetal. E a banalização do mal se consolida diante da certeza de que, depois de atuarem nas propagandas de campanha, os “apóstolos” e os do “lado oposto” serão comparados apenas pelas mútuas denúncias que se fizeram, realçando o que têm de pior.
Com 28 líderes de partidos no Congresso, a construção de uma maioria que garanta a governabilidade está comprometida – e o país, ingovernável. Com 35 siglas nas telas de tevê, a democracia vira anarquia. É preciso repensar esse horário dito gratuito. Ou logo assistiremos ao fenômeno da “propaganda ao contrário”. O povo acabará sufragando só os Cacarecos, as caricaturas, configurando esse “Frankenstein” que é o Congresso, transformado em picadeiro. Santa Bárbara, clareai.
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