A procuradora Geral da República, Raquel Dodge, promete impugnar todas as candidaturas de fichas sujas, dando início às declarações de inelegibilidade.
Continua depois da publicidade
O alarme soou entre os blocos de sujos e todos se apressam em negar os seus “malfeitos” e a se isentar de qualquer mancha. O negócio é “limpar a ficha”.
Nenhum ficha suja admite, jamais, possuir “prontuário” no lugar de “currículo”:
– Ficha suja, eu? Sou tão limpo quanto bumbum de criança…
– A comparação não foi muito feliz. Nem sempre bumbum de criança está limpo…
Continua depois da publicidade
– Minha ficha é tão limpa quanto uma fralda antes de usada!
– Nunca recebeu um mensalão ou um petrolão?
– Meu mandato só me deu despesas.
– Nenhum dólar na cueca?
– Minhas cuecas não tem porta-carteira!
Tem que estar assim, “afiado”, e repetir, à exaustão, a máxima dos finórios e dos políticos experientes:
– Não tenho conta na Suíça e nem respondo a processo na Justiça!
– E essa sua condenação por improbidade administrativa, declaração falsa do Imposto de Renda, lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro?
– Tudo primeira instância! Perseguição política! Tenho direito a mais de dois mil recursos!
***
Limpa a própria ficha, o “bom” candidato escolherá as promessas mais sedutoras, sempre de acordo com o público alvo. Tem que prometer, por exemplo, férias “de deputado” para toda a moçada. Noventa dias, mais dois tanques de gasolina e um “auxílio-paletó”!
Continua depois da publicidade
Promessas bem dirigidas significam voto no bolso. Num boteco de esquina, o discurso obrigatório será prometer a redução do ICMS sobre a pinga e o “rabo-de-galo”.
Num terminal de ônibus, a promessa óbvia é a de “um automóvel para cada vivente que morar longe”, mediante a desoneração de impostos. Será o “Bolsa-Rodante”…
Numa Academia de Ginástica, prometer “lipoaspiração” para todas as gordinhas – e pelo SUS, sem demora e sem propina. E nada de Doutor Bumbum, só profissional pós-graduado!
O candidato esperto ainda tem que saber segurar neném no colo e prender suas bochechas entre o indicador e o polegar. Nem tão leve que pareça indiferença, nem tão apertado que faça a criança chorar – e o voto se esvair…
Continua depois da publicidade
Tem que ser patriota e saber distribuir renda para os desvalidos – de preferência a renda dos outros, ou a da bolsa da “Viúva”.
– Jamais farei oposição ao Brasil! – também é uma boa promessa.
Claro, nem ao Brasil, nem ao próprio bolso.
Leia outras crônicas de Sérgio da Costa Ramos
Veja também as publicações de Cacau Menezes