Fomos encontrar um anjo caído, derrotado nas eleições de domingo, para a seguinte entrevista imaginária com um corrupto clássico, que nunca se dá por vencido:
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– Bom dia. O senhor Corrupto da Silva poderia nos dar uma entrevista a respeito do inquérito no qual está indiciado por desvio de recursos da merenda escolar?
– Quem lhe disse que sou eu quem está falando?
– O senhor não é o Sr. Corrupto Reincidente da Meia e da Cueca?
– Meu nome é este mesmo, mas nego que tenha desviado dinheiro do lanche das criancinhas.
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– Ontem o senhor disse que falaria após ser reeleito. Pois bem, o senhor perdeu a eleição e o foro privilegiado. O inquérito já foi instaurado e o senhor indiciado. É a sua oportunidade de se defender.
– Eu, me defender? Dizer o quê, se vocês já me condenaram? É tudo perseguição dos meus adversários políticos, já que estou muito bem nas pesquisas para o governo.
– O senhor não disse que daria uma coletiva hoje? Pois é. É a sua chance de se defender. Que dia é hoje?
– E eu sei? Vou consultar primeiro o meu advogado. Se for sábado, não posso falar. Na Câmara, só trabalhava às terças e quartas, depois era dia de visita às bases e apoio às creches.
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– Apoio às creches das quais o senhor subtraiu o dinheiro da merenda?
– Sai pra lá, satanás! Você é quem está dizendo essa blasfêmia, seu filisteu! Precisamos botar uma mordaça nessa imprensa abusada!
– O senhor confirma sua participação por fraude na compra de leite em pó para uma creche, em nome da ONG fantasma?
– Não confirmo nada! Não reconheço minha voz nesses diálogos que vocês publicaram ontem. Tudo forjado. Tudo mentira. Coisa armada pelos meus inimigos políticos.
– Mas o senhor comunica à sua mulher que já saiu o dinheiro da emenda em favor da ONG que ela preside… e acrescenta que é pra comprar leitinho com prazo de validade vencido, roubado de uma transportadora de cargas, cujo valor depreciado permitiria à ONG um lucro de 1000%!
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– Onde está escrito isso?
– Está na degravação da fita da sua conversa, cujo grampo foi judicialmente autorizado. O senhor até comemora: “Querida, vai dar um milhãozinho redondo pra gente gastar em Paris!”
– “Paris” é o nome, por assim dizer, o “apelido”, dessa outra creche para a qual minha mulher dá assistência! Não é o que vocês estão pensando!