Como administrar Floripa sem recursos, com um crescente déficit fiscal e sem muita margem para investimentos?

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Houve época em que um prefeito podia “enganar”: mantinha o salário do servidor municipal em dia, recolhia o lixo, inaugurava um viaduto e uma UPA, pintava o meio fio de branco – e pronto. Chamava o marqueteiro para multiplicar as “obras” em campanha e até conseguia uma reeleição. Hoje a cidade cresceu, as demandas da população clamam pelo que deveria ser básico em administração municipal: saúde, educação, segurança e alguma mobilidade.

Um prefeito já não pode se esconder por trás da Lei Orgânica do Município e dizer que segurança é um assunto só do governo do Estado. E que a rodovia que demanda o novo aeroporto – tragicomédia de intermináveis capítulos – é um desgaste privativo dos governos estadual e federal. Pressionar é preciso. Ou o prefeito ficará assistindo o governo federal postergar o novo aeroporto e o estadual marcar passo na rodovia de acesso? Já imaginaram se o aeroporto fica pronto e o acesso, não?

A ponte Hercílio Luz, depois de uma paralisia de quase 40 anos, será reinaugurada, dizem, “no ano que vem”. Mas, até agora, não providenciaram sequer os acessos dos lados insular e continental. Já aconteceu. A ponte pênsil estava pronta em dezembro de 1925, mas não havia como chegar até ela. Tiveram que remover, às pressas, o cemitério dos altos da Felipe Schmidt. Debaixo da maldição dos mortos, construíram os acessos em seis meses, inaugurando a ponte somente em 13 de maio de 1926. Vai acontecer de novo?

Os desafios do prefeito precisam incluir a reinvenção do Ipuf para prover um mínimo de lógica e engenharia aos esforços de mobilidade urbana, a partir da prosaica providência que todas as capitais do Brasil já tomaram: o óbvio e necessário sincronismo entre as sinaleiras da Ilha. Sem falar na implantação das vias do BRT, na Ilha e no Continente, com importantes artérias de vazão, como a PC 3, no Estreito, e os corredores do BRT no entorno dos maciços do Morro da Cruz.

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Aqui, funciona o governo de “empurrar com a barriga” e “arrumar uma reeleiçãozinha”.

 

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