“Fairy Tales Can Come True” – já cantava Frank Sinatra, muito antes da infeliz princesa Diana iludir-se com o “waiting king”, o “rei na espera” Charles, o menos amado dos “royalties” britânicos. Mas, em nenhum outro canto do mundo, senão na Inglaterra, contos de fada caminham junto com a realidade.
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A família real desperta tamanha devoção no reino e no universo que até o casamento desse tresloucado príncipe Harry tem o condão de monopolizar o noticiário do mundo. É como se a humanidade adotasse o sonho dessa verdadeira Disneylândia heráldica, que é o Reino Unido.
Até os mais ferozes radicais do Partido Trabalhista batem palmas para a bizarria monárquica, vergastada pelo único inglês que conheci defendendo a proclamação da República: um certo deputado Willie Hamilton, “Labour” pelo condado de Fife Central, que durante meio século criticou a monarquia e a “civil list”, o orçamento anual de custeio à realeza.
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O novo conto da carochinha encanta súditos apaixonados, políticos, celebridades, velhinhas emotivas, comerciantes e colecionadores de “bric-a-bracs” – de canecas reais a porta-retratos dos principezinhos George e Charlotte.
Linda e cativante moça, sem um pingo de sangue azul, mas cheia de confiança, “self” de si mesma, Meghan Markle é a fada universal capaz de “democratizar” o sacrário da realeza outrora esnobe.
Ser candidata a duquesa daquelas ilhas é sentar em cima de um formigueiro, com direito à publicação da árvore genealógica completa, inclusive pesquisas sobre a roupa de cama, os escândalos familiares ou a situação financeira. No coração do povão, contudo, Megan sobreviverá.
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Enquanto bimbalham os sinos da igreja do castelo de Windsor, da Abadia de Westminster, da St. Paul’s Cathedral e de todas as torres anglicanas – como se a parisiense Notre Dame houvesse emprestado aos campanários da Ilha o seu exclusivo corcunda – até o Guardian, porta-voz da bem-humorada esquerda inglesa, saúda os dois pombinhos: “Romance ajuda a levantar a moral do Reino”.
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O ex-deputado Willie Hamilton ladra, enquanto os Windsor passam, rumo ao guichê. Alguém aí vai colocar o despertador pra assistir, às 6h da “matina”, ao conto de fadas da Disneylândia britânica?
Com ou sem “fairy tales”, a Monarquia constitucional funciona.
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