A primeira (e imaginária) madrugada depois do vendaval não terminou em briga, como no clássico de John Ford, 1952, com John Wayne e Maureen O’Hara. Ao contrário, amanheceu o day after e ninguém brigou. Ou, pensando com a lei das probabilidades, estão brigando até agora, com promessas de abertura do terceiro turno.

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Sem saber o resultado, não custa sonhar. Estava faltando cabeça e sobrando fígado, registrou o ex-juiz Carlos Ayres Brito, satisfeito pelo “STF continuar aberto”, apesar da “profecia” do filho. O tempo será coado de forma acelerada numa ampulheta nova – e o Brasil viverá 50 anos em cinco, com a reconciliação entre coxinhas e mortadelas. Passada a ameaça de uma sinistra hiperinflação e a eclosão de 200 mil escândalos, o Brasil experimentará uma era de políticos honestos, crescimento vigoroso e inflação em queda. Na verdade, teremos crescimento econômico.

Carros-pipa fornecerão tonéis de leite na casa de todos os recém-nascidos e jorrará Coca-Cola, grátis, de todas as torneiras. E os automóveis desfrutarão de lava-jatos de graça – sem duplo sentido. O Senado será extinto e o sistema será “unicameral”, com os políticos devolvendo todos os seus salários e mordomias, recusando qualquer tipo de remuneração. Morarão em seus próprios apartamentos, dispensando seus motoristas, diárias e verbas indenizatórias – sem falar nas malas de dinheiro, claro. Finalmente serão aprovadas, sem emendas, as “Dez Medidas Nacionais Contra a Corrupção e a Infidelidade Partidária”.

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Aliás, no porvir, o verdadeiro ouro será a água e não o petróleo. Por causa da água doce da Amazônia, e não pelo pré-sal, o Brasil tornar-se-á a segunda economia do Mundo – superada apenas pela China. Desabará sobre o país uma tal derrama de dinheiro que o programa Bolsa-Família será redirecionado à classe média – e o seu nome mudará para Ajuda à Turma do Meio.

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A corrupção, assim como a malária, a saúva  e os engarrafamentos, estarão definitivamente erradicados do Brasil. Mas se, contudo, o futuro resultar em mais discórdia, sempre haverá novas eleições, daqui a quatro anos e um novo (velho?) impeachment.

 

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