O tempo atmosférico é o “casamento de espanhol” – para rimar com “chuva e sol”. Mas ainda bem que existem algumas (poucas) manhãs ensolaradas para que nossa retina possa descansar das coisas feias produzidas pelo homem.

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Depois de testemunhar um amanhecer na Lagoa da Conceição, um vivente jamais será o mesmo. As águas, o verde, as dunas, as “donas”…

A epifania da Lagoa da Conceição pode ter sido uma das primeiras imagens da Criação. Aquele exato momento em que o Senhor decidiu criar a luz para presidir o dia, separando o que era Terra e o que era Água.

O olho do satélite enxerga nosso Estado como um triângulo – o vértice no rio Peperiguaçu, fronteira com a Argentina, onde se desenvolveu uma verdadeira “Califórnia agroindustrial”. A base fica na costa do Atlântico, onde se espreguiça a obra assinada pelo mais poderoso de todos os arquitetos: 500 quilômetros de milagres, na forma de praias brancas, dunas, promontórios, enseadas, restingas e lagoas.

Nesse buquê de pura beleza, em que convivem em harmonia o mar e a montanha, o litoral catarinense é o colírio dos estetas. Do mar heroico de Laguna, no Litoral Sul, a São Joaquim, estação “alpina”, uma estrada entalhada na rocha coleia a serra em vertiginosos 12 quilômetros de ascensão aos 1450 metros do Morro da Igreja – nosso Mont Blanc. De lá, com a mão longa do Criador e os olhos postos no “Sublime”, pode-se tocar as praias e as dunas do Rincão e da Laguna. É como se os Alpes deslizassem de esqui até as praias brancas da terra de Anita.

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E há, claro, esta nossa Ilha-Paradiso. Que vale a construção de mil pontes como a Hercílio Luz – e que convida os seres humanos que a amam a beijar o regaço de suas 42 praias. Ainda mais belas sob a luz impressionista do inverno.

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Quem não gosta da Ilha de Santa Catarina – e da Capital que ela hospeda – bom sujeito não é. É como aquele personagem do samba: ruim da cabeça ou doente do pé. Pior: é um ser humano que ainda não se inebriou daquele líquido que Shakespeare chamava de “o leite da bondade humana”.

Quem não gosta da Ilha, não precisa se desculpar. Mas faça o sublime favor de passar férias onde não haja areias alvas e ocasos raros.

 

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