O Brasil do futuro terá 1.080 partidos, o que tornará a eleição presidencial um evento mensal, por causa dos sucessivos impeachments. O último presidente eleito durou 25 dias, depois de haver extinto ministérios importantes, como Educação e Saúde.
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A função institucional do político estará tão desgastada que até o seu nome será trocado: deixará de se chamar “político” para se chamar “astuto”. E por que não “ladino”?
Por enquanto é só ficção e acontecerá apenas no novo romance de Ignácio de Loyola Brandão, de título quilométrico: “Desta Terra Nada Vai Sobrar, a Não Ser o Vento que Sopra Sobre Ela”.
Um vaticínio auto-realizável, a partir da falência dos Estados e das várias Venezuelas que surgirão dentro do Brasil.
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Permito-me um contraponto ao romance de Loyola e, pelo menos na ficção, imaginar o contrário, um Brasil forte e redivivo.
Depois dos escândalos da Lava-Jato, o país sonhado pelos bons brasileiros renascerá das cinzas num dia que não estará muito longe. Passada a ameaça de uma sinistra hiperinflação e a eclosão de 200 mil escândalos, o Brasil experimentará uma era de políticos honestos, crescimento vigoroso e inflação em queda. Na verdade, teremos crescimento econômico e deflação.
Neste admirável mundo novo os cachorros voltarão a ser amarrados com linguiça. A salsicha estará tão barata e deflacionada que os supermercados ameaçarão chamar a Sunab contra aqueles clientes que se recusarem a levar pra casa produtos tão sub-precificados.
Carros-pipa fornecerão tonéis de leite na casa de todos os recém-nascidos e jorrará Coca-Cola, grátis, de todas as torneiras. E os automóveis desfrutarão de lava-jatos de graça – sem duplo sentido.
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O Senado será extinto e o sistema será “unicameral”, com os políticos devolvendo todos os seus salários e mordomias, recusando qualquer tipo de remuneração. Morarão em seus próprios apartamentos e dispensarão seus motoristas, diárias e verbas indenizatórias.
Finalmente, serão aprovadas, sem emendas, as “Dez Medidas Nacionais Contra a Corrupção e a Infidelidade Partidária”.
Arrependidos, os deputados devolverão, com correção monetária, todas as mordomias e auxílios. Devolverão não apenas o “auxílio-paletó”, mas os próprios paletós, pois já não haverá colarinhos brancos enfeixando gravatas parlamentares.
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