Como podem tolerar as novas “modalidades” de “deputados-presidiários” e de bandidos com “direitos políticos”? Para ser gari de uma prefeitura, exigem “atestado de bons antecedentes”. E para ser deputado ou presidente da República?

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Juizes autorizam parlamentares presos a trabalhar em plenário. Não parece surreal o indivíduo sair da cadeia a fim de elaborar leis para os que estão fora dela?

Olhando para a humanidade decaída, e para aquele país tropical, comprometido com os “erros” e com a “corrupção”, São Pedro desceu à terra e lançou em Brasília licitação para construir uma nova arca, na forma do que prescreveria o edital da administração da Casa:

– Os Céus precisam de uma arca de madeira resinosa, que seja calafetada com betume por dentro e por fora. Deve ter três andares e medirá 300 côvados, como está descrito nas Escrituras: mais ou menos 198 metros de comprimento, cerca de 16 metros mais curta do que oTitanic.

Em Brasília, encolheram a arca e superfaturaram os preços, o que fez o Senhor duvidar de conivência por parte do seu secretário:

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– Até tu, Pedro?

Pedro se declarou inocente. Argumentou que no Brasil tudo era assim. O orçamento tinha que trazer, embutidos, o superfaturamento e as propinas.

Indignado, o dono do Céu convocou uma cadeia de comunicação inter-estelar para lançar imprecações contra os corruptos do Brasil:

–“Ai de vós, que fraudais licitações e obras públicas, pois a vós serão fechadas as portas do Céu!”

O Todo-Poderoso resolveu, então, marcar o Dilúvio para o mês de agosto, o habitual “mês de desgosto”. Recomendou a Pedro apressar a confecção da arca e a seleção das espécies a serem salvas, entre humanos e animais.

***

Difícil foi encontrar um novo Noé. Um humano puro, quase casto _ e muito honesto. O resultado foi pífio e o Senhor resolveu nomear interinamente o secretário Pedro para o posto.

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Mas voltou a censurá-lo, quando ele contratou a construtora da nova arca:

– A Odebrecht? De novo? Pelo amor de Deus!

Desencantado com a escolha, com os políticos e com as licitações do Brasil, o Todo Poderoso resolveu antecipar o Dilúvio. Barrou toda aquela turminha do Palácio do Planalto, mas acabou atendendo a um último conselho de Pedro:

– Vamos manter esses políticos do Brasil! Todo navio ou arca flutuante precisa de ratos!

 

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