Os eleitores precisam se concentrar menos no álbum de figurinhas da Copa – que faz tanto sucesso – e mais nas “figurinhas a descartar” nesse novo e crucial “álbum eleitoral”.
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Trata-se de uma nova chance para passar um raio-x e banir da política aquelas figurinhas comprometidas com o verbo mais conjugado da República: o “subtrair”, que é trair astuciosamente, eufemismo elegante para roubar.
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Parlamentares sérios – e é claro que eles existem – deveriam propor um projeto de alteração curricular nos programas de ensino de primeiro e segundo graus. A clara definição do que seja “representação popular”, “dinheiro público” e “mandato” – aquela procuração que o coitado do eleitor outorga de boa fé para que um cidadão, supostamente honesto, o represente nas assembléias deliberativas da nação.
O Brasil cultiva uma viciada noção do que seja dinheiro público.
Por ser público, certos agentes acreditam que “não seja de ninguém”. Está ali ao alcance da primeira ave de rapina que esticar o bico.
As campanhas precisam encontrar custos realistas neste Brasil fascinado pela transgressão. Uma campanha para vereador não pode custar R$ 2 milhões. Se custar, o mandato, claro, vai ser pura moeda de troca.
Chega. Pública já é a verba dos fundos partidários e a renúncia fiscal dos tempos que a televisão concede para uso dos partidos. O que é necessário para a moralização das campanhas é a honestidade pessoal do candidato e a sua disposição em gastar sola de sapato e boa conversa, apresentando-se ao eleitorado dos “distritos”, ainda que o voto distrital não exista oficialmente.
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Valerá o seu ânimo de se revelar de cara limpa para os seus vizinhos e dizer: “Sou candidato, meus planos são esses…”.
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O país precisa voltar a respeitar o Código Penal. Todas as espécies nascem com um certo sentido de respeitar a propriedade do alheio. H.L. Mencken, cáustico jornalista americano dos anos 1930, espécie de “alter ego” da moralidade pública nos EUA, dizia que “no respeito a um bem alheio, um cachorro é muito mais civilizado que o homem”.
— Um cão persegue e castiga o outro que roubou o seu osso. Já o homem…