Foi um acesso de loucura, com um enredo que tinha muito de Hitchcock e de Shakespeare – suspense, emoção, insuportável tensão, uma peça dramática como só mesmo o Avaí poderia ter reservado para a sua crédula torcida.

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Depois de deixar o acesso fácil – normal –  nos três últimos duelos na Ressacada, com empates e derrota, o Avaí escolheu, como sempre, o caminho mais difícil: vencer o perigoso CSA fora de casa e empatar, no mínimo, com a não menos ameaçadora Ponte Preta, em casa. Com um requinte de crueldade: sem goleiro…

Não é uma “final” bem “Avaí”, bem “faz coisa”?

Como todo avaiano de boa-fé, preparei-me para o melhor e o pior, apelei ao Todo Poderoso, à Nossa Senhora da Ressacada e a São Fernando Bastos – pois, julguei, sem uma boa ajuda do“Além” não chegaríamos ao Paraíso.

Jogo às veras os 90 minutos: além de um “inimigo” em campo, havia outros terceiros interessados já vencendo em Caxias do Sul. Era vencer ou… empatar, sendo que se sabia do perigo que era manter um empate, especialmente nos chamados “acréscimos”.

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Vários “Hitchcocks” depois, com Rodrigão perdendo gol feito e a Ponte desperdiçando no finzinho, a recompensa finalmente chegou: o quarto acesso do Avaí em 10 anos.

O jogo final não seria uma simples ópera, mas um drama cronometrado, já com a anunciada aposentadoria de Marquinhos, que atuou mais como torcedor, roendo as unhas no banco.

Final dramática, tão intensa quanto um “Macbeth”, um “Coriolano”, um “Julio César”, um “Otelo”, um “Hamlet”, um “Rei Lear”, que eu logo me apresso a adaptar para “Rei Leão”.

Foi esse o empate “torturante” que elevou o Avaí: obra assinada a quatro mãos por Nelson Rodrigues, Alfred Hitchcock, William Shakespeare e Fernando Bastos.

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Com o autor do nosso hino na “vigília”, cantando o “Ilha Formosa”, em francês:

– On ne peut oublier/Son riche passé/Mais l’heure est presente/Et l’équipe m’enchante/Mais l’ordre est victoire/ Toujours vaincre!”

Ave Fernando Bastos, que estais no Céu – e na Série A.