A ponte Hercílio Luz ficou pronta em dezembro de 1925. Piada: só então deram falta do acesso, principalmente o da cabeceira insular. O cemitério dos altos da Felipe Schmidt e o morro que lá havia foram removidos para que a estradinha encontrasse a nova ponte, em maio de 1926. Agora ocorre o inverso: os acessos estão bem encaminhados e a obra está a cargo de uma empresa idônea, a portuguesa Teixeira Duarte, com impecável expertiseem grandes estruturas. Mas quem disse que o poder público sabe o que quer? O desenho dos acessos se subordina à interminável discussão sobre o uso da ponte, pois alguns “românticos” querem ignorar os seus custos já acumulados – mais de meio bilhão – e entregar a “velha senhora restaurada” a pedestres e ciclistas. Meu Deus! Esse assunto ainda não está resolvido? Como a engenharia e a gestão do trânsito deixaram de ser atribuições do IPUF, parece que o tema passou ao domínio do mais delirante “assembleísmo”. Audiências públicas estão sendo convocadas por um dos diretores do IPUF para “discutir com os envolvidos”. Ou seja: os especialistas vão ouvir os amadores.   

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A Hercílio renovada nos seus olhais de sustentação resultará numa estrutura com maior capacidade de carga que a original e resolveria pelo menos 20% da dramática demanda de mobilidade no trajeto Ilha-Continente. Os “românticos” insistem: querem a nova ponte apenas para os “de a pé” ou os ciclistas e ainda sugerem destinos “culturais”, como quiosques para a venda de lembranças do monumento. E, quem sabe, utilizá-lo como “mirante” para apreciar do alto os engarrafamentos da Colombo Salles e da Pedro Ivo Campos…

Vamos rogar aos pontífices (os construtores de pontes) e ao Papa Francisco que inspirem o coração dos que vão decidir: se fosse para ser um monumento apenas estético, a Hercílio poderia ter dispensado a tecnologia desafiadora que a renova.

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Parece que, aplicada ao novo aeroporto, a história vai se repetir – não em 1925, mas em 2018! A concessionária vai entregar o terminal no segundo semestre de 2019. Sejamos otimistas: digamos, em agosto. Os acessos (Deinfra), atolados em desapropriações e licenças ambientais, só ficariam prontos depois do terminal de passageiros… O Governo precisa entrar em campo, urgente, ou vai virar obra de São Nunca.

 

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