Um dia de sol na Ilha de Santa Catarina é um presente para os sentidos, um frasco de bem-viver, cuja essência se espalha pelo frescor dos aromas e pela leveza dos espíritos.

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Com o céu claro de sol a sol, o dia de ontem foi um cenário composto pelo Divino. Ficou faltando apenas uma trilha sonora para ilustrar um filme sobre as nossas belezas. Teríamos que convocar, claro, as trombetas de todos os anjos, as harpas do Todo Poderoso e o poder de criação de todos os gênios da música.

A Ilha não se embala com um único gênero. A Ilha é pop, mas também é erudita. A Ilha é folclore, mas também é a elaborada erudição de um José Brasilício de Souza, um Edino Krieger. Não poderia faltar Luiz Henrique Rosa, um pop da Bossa Nova. Depois de “Sempre Amor” e “Se Amor é Isso”, inolvidáveis composições do nosso maior menestrel, a Ilha jamais seria mal amada.

Mas que tipo de música associar ao balanço da onda dos nossos mares? Sinfonias completas e bem acabadas? Consonâncias perfeitas entre o mar profundo, a mata nativa e atlântica, as dunas e as “donas” mais belas do Universo?

Ao contrário da famosa Oitava Sinfonia em si menor, de Schubert, composta de um allegro e de um andante, a sinfonia ilhoa está recheada de allegros ao norte, líricas à leste, minuetos ao sul, e um finale rápido ali no Estreito, onde as pontes “amarram” todos esses movimentos ao Continente próximo.

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Há cores inimaginadas nas auroras da Ilha. E há matizes e Matisses durante as suas Quatro Estações. Na verdade, durante as cinco: outono, inverno, primavera, verão – e a estação “do sol”, quando o candeeiro solar acende todas as belezas e todas as reentrâncias da Ilha-Mulher.

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Quem via a Ilha com olhos burocráticos – e nunca havia pensado em sua beleza musical, ontem descobriu que nosso “pedaço” é um concerto sinfônico de águas claras, areias douradas e o verde de mata nativa, debruçando o dorso sensual das encostas. Do oriente, brota o mar vindo da áfrica, em ondas eternas, lavando os costões de pedras nuas, que rebrilham ao sol. E num “certo” recanto da Ilha repete-se todos os dias do ano o milagre da multiplicação da beleza.

Ao conceber aqueles elementos de terras e águas, o Senhor batizou-os de “Lagoa”, querendo dar à Ilha um coração aquático. Aquela conjunção de terras com um volume concêntrico de águas.

 

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