Nunca se viu, nem mesmo na literatura de Gabriel Garcia Márquez, que abraçava o “surreal”, um país tão comprometido com o dito realismo fantástico.

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O que é o surrealismo? É a adoção de um completo desprezo pela lógica e pela razão, consagrando o inconsciente irracional, a sujeição do homem aos estados mórbidos, nos seus sonhos ou pesadelos.

Deputados brasileiros, condenados pela justiça, e presos, querem assegurar, “legalmente”, o exercício do mandato e de suas prerrogativas, mesmo “por detrás das grades”. Querem ter o direito de fundar bancadas de “presidiários”, mas com direito a propor e votar leis!

Haverá algo mais surreal? Um sujeito preso e condenado por transgredir a lei penal, habilitado a votar a reforma e a criação do Direito positivo de um país? Em qualquer país civilizado do mundo um condenado da Justiça perde, imediatamente, os seus direitos políticos, não pode mais votar ou ser votado, perdendo automaticamente o seu mandato representativo.

No Brasil, querem fundar a “bancada da penitenciária”– e estão conseguindo, pois já há presidiários em plenário, “saindo com autorização para trabalhar”. E votando em Comissões legislativas, como as que reformam os códigos penais e processuais.

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Não demora muito e o surrealismo vai querer legalizar o roubo parlamentar, ainda mais que essa “licença” surreal é usada naturalmente desde D. Pedro Álvares Cabral – e nunca se soube que tenha sido banida da “Terra Papagalis”.

É chegada a hora de banir a conjugação futura deste malsinado verbo.

Quem sabe os novos ares de um Brasil ressuscitado, pós-eleições, não haverão de inspirar uma boa “passagem” desta realidade surreal para um futuro edificante –  com maior protagonismo para os heróis mais simples e mais honestos do cotidiano?

                     

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Neste momento de discórdia e incertezas, vou me unir aos brasileiros de bem para com eles rezar a prece de um Brasil pacificado. E de um país sem a “bancada das grades”.

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Uma pátria menos castigada pela febre dos escândalos, menos espancada pela volúpia do Estado, sempre interessado em sacudir o brasileiro de cabeça para baixo, para de seus bolsos extrair impostos.

Chega de Judas. O Reino da Propina, sob o império dos cartéis dos “30 dinheiros”, está chegando ao fim.