Com raízes em Santa Catarina, o primeiro estilo brasileiro de cerveja celebra três neste mês de julho. O que começou como um movimento de cervejeiros caseiros do Estado, ganhou características, força e documentação necessária para ser reconhecido pelo Beer Judge Certification Program (BJCP), instituto que estabelece critérios para cervejas e certifica juízes para avaliar rótulos em todo o mundo.

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Em outras reportagens feitas pelo Santa, especialistas destacam que a principal singularidade da Catharina Sour é a “brasilidade”. Uma cerveja leve, refrescante, com “azedinho” e teor alcoólico que pode variar entre 4% e 5,5%. É isso que a fez se popularizar no mercado e ganhar espaço: só para se ter ideia, das 12 cervejarias no Vale da Cerveja, em SC, ao menos sete produzem o estilo. São 11 diferentes rótulos.

E não é só esse número que prova a consolidação da Catharina. No Concurso Brasileiro de Cervejas 2021, foram 115 rótulos deste estilo inscritos. Foi o terceiro com mais inscrições, atrás da tradicionalíssima IPA e da APA. Na rede social cervejeira Untappd, são 576 Catharinas cadastradas, com depoimentos de argentinos, norte-americanos e até poloneses que já experimentaram o estilo brasileiro.

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— Temos o privilégio de ter a cerveja na nossa história, de vivenciar a transformação pela qual este mercado está passando nos últimos anos e de propor caminhos para o futuro cervejeiro nacional. Certamente, isso é motivo de orgulho não só para quem atua no segmento, mas para toda a população catarinense — aponta Valmir Zanetti, presidente da Associação Vale da Cerveja.

Primeiro workshop da Catharina Sour ocorreu em 2016.
Primeiro workshop da Catharina Sour ocorreu em 2016. (Foto: Divulgação)

Mas, afinal de contas, o que é uma Catharina Sour?

A gente explica.

Na prática, a Catharina Sour é uma cerveja com malte pilsen, malte de trigo, acidez lática, alta carbonatação, corpo leve, amargor mínimo e com adição de frutas. E é esse último ponto que traz ao estilo uma infinidade de possibilidades, fazendo com que ele se adapte a qualquer região — há, por exemplo, cervejas deste estilo feitas com goiaba-da-serra, típica do Planalto Serrano de Santa Catarina.

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— A grande questão da Catharina Sour é ser uma cerveja que reflete brasilidade: é refrescante, tropical, abre uma variedade infinita de variações regionais. Ela mostra que brasileiros podem criar cervejas diferentes, através de capacidade técnica e insumos para isso. Fazer boas cervejas criadas em outros locais é uma tarefa difícil, que já conseguimos cumprir. Já construir um estilo mostra o quanto podemos ser competentes na inovação em relação ao mercado cervejeiro global — analisa o diretor da Escola Superior de Cerveja e Malte, Carlo Bressiani.

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Pioneira na produção e engarrafamento do estilo, a Cerveja Blumenau viu de perto a consolidação da Catharina Sour no mercado. O que foi descrito à época como algo que “não era só uma moda” e que “havia chegado para ficar”, se confirmou. Por agradar paladares leigos, as Catharinas não só abrem mercado para as artesanais em outros públicos — como aquelas pessoas torcem o nariz para uma IPA —, como mostra que há, sim, margem para criatividade no universo cervejeiro.

— A Catharina Sour abriu uma possibilidade importante para que outros estilos surgissem, como estão surgindo, e logo a história e o terroir brasileiro ganham espaço no mercado cervejeiro global — finaliza o cervejeiro da Blumenau, Marcos Guerra.

Que venham os próximos aniversários.

Por Augusto Ittner