Vários fatores envolvendo diferentes impactos da pandemia do coronavírus na economia estão afetando também uma das bebidas favoritas do brasileiro. Há uma tendência de alta no preço da cerveja e índices nacionais já mostram que a falta da bebida nos mercados atingiu o pior número da história.

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Segundo o estudo de “nível de ruptura”, feito pela empresa Neogrid, que monitora as cadeias de suprimento no Brasil, a ausência de algumas marcas de cerveja nos supermercados atingiu 18,2%, a maior taxa já registrada. Em meados do ano passado o número variava na casa dos 10%, e em agosto de 2020 já tinha alcançado 16%, segundo informações divulgadas pela Folha de S. Paulo.

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Além disso, cervejarias catarinenses ouvidas pela coluna estimam atualmente uma necessidade de reajustar em até 20% alguns dos produtos para compensar a alta registrada em vários itens da cadeia de produção. Algumas já repassaram esse reajuste ao consumidor, enquanto outras tentam absorver o prejuízo para não encarecer a bebida.

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A explicação para esse cenário envolve alguns pontos, mas o principal tem a ver com as embalagens. Alumínio, papelão, garrafas e rótulos plásticos são alguns dos produtos usados na indústria cervejeira e que ficaram mais caros durante a pandemia. 

Segundo o diretor da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Marcelo Paixão, muitos fabricantes desses itens pararam as atividades em algum momento de 2020, e por isso não conseguiram estocar produtos para o segundo semestre — quando a demanda do setor é tradicionalmente maior. 

Para os que dependiam de matéria-prima de outros setores, os fornecedores também tiveram um excesso de demanda e, consequentemente, aumentaram os preços.

Para se ter uma ideia da diferença, em uma nota enviada ao mercado recentemente, uma cervejaria de São Paulo informou que as latas de alumínio tiveram um reajuste acumulado de 110% nos últimos meses.

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Além disso, pesa também na balança das cervejarias o preço dos ingredientes importados. Indispensável na receita, o lúpulo usado no Brasil é praticamente todo importado dos Estados Unidos ou da Europa, o que faz a cerveja consumida por aqui também ser impactada pelos valores cada vez mais altos do dólar e do euro.

Ou seja, o consumidor pode se preparar para dois cenários entre o fim de 2020 e início de 2021: ou a cerveja que gosta ficará mais cara, ou ela poderá estar em falta nas prateleiras. 

*Por Lucas Paraizo
lucas.paraizo@somosnsc.com.br